“Jungle Cruise” (2021) – Crítica

Se apoiando na ótima química de Dwayne “The Rock” Johnson e Emily Blunt, esta nova aventura da Disney falha por ser longo demais e exagerar na pirotecnia visual.

Fonte: Disney Studios

Não faz mais do que 18 anos desde que “Piratas do Caribe e a Maldição do Pérola Negra” estreou no cinema causando um impacto gigante na indústria de Hollywood, de uma atração dos parques Disney, a adaptação protagonizada por Johnny Depp se tornou um fenômeno concorrendo a cinco oscars incluindo uma indicação para o próprio Depp como coadjuvante no papel do icônico Jack Sparrow. Desde então a Disney viu um nicho a ser explorado, pegando premissa de suas atrações temáticas e as adaptando para o cinema, aconteceu com “Mansão Mal Assombrada” protagonizada por Eddie Murphy em 2003, assim como o recente “Tomorrowland” protagonizado por George Clooney em 2015.

Nenhuma dessas últimas adaptações citadas, foram tão bem sucedidas do que “Piratas do Caribe”, que gerou ainda mais quatro filmes além deste original. Tudo isso é citado por conta da nova tentativa da Disney de adaptar a premissa de mais uma atração temática de seus parques, desta vez “Jungle Cruise” entrou na mira e ganhou um longa protagonizado por Dwayne “The Rock” Johnson (Jumanji: Bem Vindo a Selva) e Emily Blunt (Um Lugar Silencioso) numa aventura que vai até os confins da Amazônia em busca de uma planta rara capaz de curas milagrosas.

A narrativa dirigida pelo diretor Jaume Collet-Serra (Águas Rasas) é uma aventura acelerada, com um visual inchado, cheio de efeitos visuais e ação quase que ininterrupta colocando The Rock e Blunt para enfrentar os perigos da natureza selvagem e maldições lendárias numa trama que parece uma mistura de “Piratas do Caribe” e a “A Múmia”, dois exemplares bem sucedidos do gênero que aqui servem de inspiração para uma premissa que não tem muita novidade, mas tem todos os elementos que capaz de atiçar a curiosidade do expectador que ama ver um grande blockbuster.

O interessante é que “Jungle Cruise” é mais uma superprodução que chega com um modelo híbrido devido a pandemia, estreando nos cinemas e no Disney Plus através no modelo Premier Access com custo adicional. Um longa como este chegar dessa forma, acaba mostrando que algumas obras cinematográficas são feitas para ser vistas no cinema e aqui fica claro pela grandiosidade da obra se vista em casa pode diminuir um pouco o impacto.

Fonte: Disney Studios

Ainda assim, o filme tem suas peculiaridades ao contar a história da pesquisadora Lily Houghton (Emily Blunt), que está em busca de evidências que apontem a localização da lendária “Lágrimas da Lua”, uma planta com capacidades medicinais capazes de curar qualquer doença existente, desta forma ela embarca em uma jornada perigosa até a selva amazônica brasileira partindo de Porto Velho, capital da Rondônia junto com seu irmão MacGregor Houghton (Jack Whitehall), quando chega na cidade contratam Frank Wolff (The Rock), um trambiqueiro que trabalha como guia turístico na região e se tornando a melhor chance dos irmãos de localizarem a tal planta.

A narrativa de “Jungle Cruise” começa a mil por hora, situada em 1916, se mostrando bastante focada em entregar uma aventura tradicional, sempre mantendo a ação constante, algo que o diretor Serra consegue entregar bem na primeira metade, que inclusive é recheada de cenas grandiosas com uma ação absurdas colocando o trio protagonista para enfrentar várias encrencas sendo perseguidos constantemente pelo vilão alemão Príncipe Joachim (Jesse Plemons), que também esta atrás dos poderes místicos da planta.

Uma coisa que se nota é que a medida que vamos acompanhando a narrativa, percebemos que o filme não deve ser levado muito a sério, o humor canastrão e as vezes bobo entregue na maior parte do tempo por The Rock, funciona por conta do carisma do ator, que se mostra um acerto na pele do protagonista Frank, aqui o astro mostra que entrega tanto na ação quanto na presença de tela, evidenciando mais uma vez ser o ator negro mais popular da atualidade.

Fonte: Disney Studios

Além de “The Rock”, o resto do elenco ainda conta com a ótima presença de Emily Blunt, que oferece charme, beleza e inteligência a sua personagem Lily, mostrando a versatilidade de Blunt como atriz, após mostrar seus dotes dramáticos na sequência de “Um Lugar Silencioso”, consegue entregar um papel mais leve e divertido, principalmente porque consegue ter uma química magnética com seu parceiro de cena, entre conflitos, picuinhas e início de um romance, a dupla protagonista acaba se mostrando o ponto alto do filme e consequentemente deve ganhar o público ai.

O elenco coadjuvante é razoável, gosto bastante de Jack Whitehall (God Omens) no papel de MacGregor, seu humor é pontual e ajuda no lado cômico do filme, sem falar que algo no personagem lembra o Jonathan de “A Múmia”, aquele humor físico pontual do cara medroso que está sempre se metendo em situações complicadas. Infelizmente não gostei muito de Jesse Plemons (Breaking Bad) no papel do vilão Príncipe Joachim, achei meio caricato e afetado demais, o mesmo pode ser dito de Paul Giamatti (Anti-Herói Americano) como o vilão Nilo, aqui bem desperdiçado, o mesmo pode ser dito também de Edgar Ramirez (Livrai-nos do Mal), tão banhado de efeitos visuais que não teve muito o que fazer no papel do vilão sobrenatural Aguirre.

No aspecto técnico, “Jungle Cruise” é bem feito, a fotografia é muito linda, apesar de ficar evidente que muito daquilo foi feito em estúdio, a pirotecnia nas cenas de ação impressiona em diversos momentos, destaque para uma cena em uma corredeira e na cena do ataque a embarcação de Frank quando o grupo está saindo da vila. A trilha sonora é mais do mesmo, a ambientação não é lá essas coisas, principalmente porque a versão mostrada do Brasil aqui é bastante estereotipada e equivocada, típico das produções de Hollywood que não tem o mínimo de decência para fazer uma pesquisa séria sobre o lugar em que a história vai se situar.

Fonte: Disney Studios

Tirando esses por menores, outro problema que fica claro no filme é a duração, normalmente não tenho problemas com longas com mais de duas horas de duração, mas neste caso fica evidente que a trama cansa ao se estender demais na jornada dos personagens em chegar do local A para o local B, as cenas de ação se repetem, as piadas também e acaba que a narrativa fica um pouco repetitiva perdendo um pouco de força no terceiro ato, ainda que ele tenha um desfecho decente.  

Uma das coisas que se nota no longa é o fato dele não ter vergonha de abraçar clichês e saídas fáceis, não tem muitas ideias novas, foi feito exatamente para entreter, mas fica claro que as vezes o diretor pesa a mão nos efeitos visuais que parecem estar presentes em cada detalhe da trama e em alguns momentos até de forma desnecessária. Talvez falte a esta narrativa, um pouco mais de personalidade, isso até acontece quando temos referências espertas a atração temática em que ela foi inspirada numa cena em especifico no começo do filme, mas no geral nota-se que há uma mistura em todas as sequências numa cópia descarada de outras obras, não que isso seja algo terrível, mas mostra que falta criatividade na hora de contar a história.  

No geral, “Jungle Cruise” não chega a ser um filme ruim, mas com certeza é bem mediano se formos olhar de uma forma mais ampla, talvez esta produção da Disney valha realmente o tempo investido por conta da dupla The Rock e Emily Blunt, os atores parecem estar se divertindo em seus respectivos papéis e isso fica evidente em cena, impossível não torcer e acompanhar a jornada de Frank e Lily do começo ao fim, a química é muito evidente ali. Sem falar que mesmo com algumas ressalvas, esta aventura ainda entrega ação da boa, um visual vistoso e um entretenimento honesto, as vezes só isso basta, mas até quando isso será o bastante, isso não sei dizer, só público e o tempo dirá. 

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