“Batwoman” – 2° Temporada – Crítica

Sai Kate Kane, entra Ryan Wilder. A segunda temporada de Batwoman tenta seguir em frente sem sua protagonista, mas ao colocar uma protagonista negra no centro da trama, a série ainda sofre para se manter interessante e relevante no Arrowverse.

Fonte: CW

Quando a série “Batwoman” estreou em meados de 2019, ela veio cercadas de expectativas não só por ter a introdução de Kate Kane (Ruby Rose) prima de Bruce Wayne na pele da heroína noturna que veio para combater o crime numa Gotham ainda sofrendo com onda de crimes, mas também para trazer o universo do morcego finalmente para mundo que começou com Oliver Queen e Barry Allen.

Algumas aventuras e um evento de “Crises das Infinitas Terras” depois, tivemos uma primeira temporada da série com 20 episódios, alguns altos e baixos, mas que ao menos conseguia ter alguns destaques na história, como a trama de Kate e sua irmã gêmea Alice (Rachel Skarsten) que acabou por virar uma vilã formidável na temporada, com uma vibe meio “Espantalho”, meio “Coringa”, ela acabou trazendo uma carga dramática bastante interessante, intercalado por vários confrontos e flashbacks que conseguia moldar o passado da personagem com o da mulher morcego.

Temos também a trama envolvendo os Corvos, grupo policial que patrulha Gotham liderado pelo pai de Kate, Jacob Kane (Dougray Scott) e também onde trabalha o interesse amoroso dela, a bela Sophie Moore (Meagan Tandy). E ainda temos o grupo da batcaverna, o filho de Lucius Fox, Luke Fox (Camrus Johnson) que não só serve como a pessoa ajuda a construir os aparatos para Batwoman, mas também funciona como aquele que opera todas ações dela na cidade, além é claro da meia irmã de Kate, Mary Hamilton (Nicole Kang) que posteriormente acaba por ser uma aliada importante para Batwoman devido as suas habilidades médicas.

Fonte: CW

Como vocês podem perceber, a primeira temporada conseguiu construir um universo razoavelmente bom com personagens e tramas bem estabelecidas até o final dela. Corta para 2020 e eis que no meio da pandemia a atriz Ruby Rose (John Wick 3: Um Novo Dia Para Matar) anuncia que deixaria o papel da Kate Kane para espanto de muitos fãs da série. Com divergências nos bastidores e uma perda de protagonismo da personagem em muitos aspectos, a atriz decidiu sair, deixando uma grande incógnita em como tocariam o barco sem a personagem principal nos levando a pensar quem assumiria o manto da Batwoman.

Foram alguns meses de especulação, com a fã base dividida, afinal Ruby Rose não era um primor na atuação, muita gente não gostava, mas alguns inclusive esse que vos escreve até que gostava dela no papel de Kate Kane. A verdade é que a personagem criada por Bob Kane e Sheldon Moldoff era muito querida nos quadrinhos da DC Comics principalmente depois da reformulação de 2006 pelas mãos de Alex Ross, consolidando Kane como uma heroína gay, cheia de personalidade e ainda era letal quando vestia a roupa de Mulher Morcega, algo que infelizmente a série da CW nunca conseguiu emular da forma correta.

A verdade é que a saída de Ruby abriu possibilidades e elas foram abraçadas de uma forma bastante promissora com a chegada de uma personagem totalmente nova para assumir o manto da Batwoman na segunda temporada da série. Uma protagonista negra, lésbica e cheia de personalidade, era isso que os criadores da série prometiam para segunda temporada com a chegada da bela Javicia Leslie (The Family Business) no papel da personagem original, Ryan Wilder.

Fonte: CW

Depois de assistir aos 18 episódios da segunda temporada, cheguei à conclusão que toda a promessa e expectativa gerada não se consolidou numa temporada que manteve os mesmos problemas da anterior com picos de bons momentos, porém muito abaixo das expectativas, principalmente porque os roteiristas não conseguiram desvencilhar da história de Kate Kane, ainda com uma presença muito forte na temporada, o que atrapalhou na evolução de Ryan no papel de Batwoman.

O primeiro episódio da segunda temporada, funciona quase como um reboot, trazendo a misteriosa queda de um avião onde é revelado posteriormente ser o avião em que Kate Kane estava e onde por coincidência do destino, Ryan Wilder encontra o uniforme da Batwoman, vendo naquele momento sua vida mudar do dia para noite. Em “What Happened to Kate Kane?” (2×01) temos a introdução de um mistério e o começo da jornada daquela que vai assumir o manto da heroína de Gotham.

Infelizmente este episódio tenta introduzir tanta coisa e é tão mal costurado que fica complicado abraçar qualquer mudança que estejam planejando. De repente, se percebe que personagens que antes tinham sentido por conta da presença de Kane na série, começam a se tornar totalmente desnecessários porque suas tramas parecem a não levar a lugar nenhum, como exemplo Alice e Jacob Kane.

Fonte: CW

A estranheza do primeiro episódio, se afasta um pouco à medida que vamos conhecendo melhor a história de Ryan e todo seu potencial para virar algo mais, enquanto os roteiristas tentam fazer a trama andar com mistério de Kane e a introdução de uma nova vilã, Safiyah (Shivaani Ghai), no arco que acompanha Alice atrás de respostas sobre a irmã enquanto confronta seu passado que mostra a vilã num período bem antes de voltar para Gotham.

O arco de Ryan é até bem introduzido e suas motivações para virar Batwoman ainda que sejam frágeis, são suficientes para Wilder, Luke e Mary virarem o trio que vai combater os crimes na cidade na ausência de Kate. Se nota também um esforço dos coreógrafos em melhorarem as cenas de lutas e ao mesmo tempo que aproveitam a presença e disposição física da Javicia como atriz, sem falar que o uniforme da heroína sofre alterações deixando mais interessante e ágil, além de ser mais compatível com visual de Ryan.

Este arco fica melhor ao colocarem Ryan para lidar com o problema de ter sido infectada por Kryptonita dando um pouco de emoção e dramaticidade para personagem e mais o que fazer para atriz. A série consolida o retorno da Batwoman nos episódios “Do Not Resuscitate” (2×06), “It’s Best You Stop Digging” (2×07) e “Survived Much Worse” (2×08) que conseguem fechar arcos, trazer uma quantidade boa de ação e a resolução de tramas da primeira metade da temporada.

Fonte: CW

A segunda metade da temporada conta com o surgimento do Máscara Negra, clássico vilão dos quadrinhos do Batman que inclusive apareceu recentemente no cinema no filme “Birds of Prey” das Aves de Rapina e da Arlequina. Aqui Roman Sionis ganha o rosto de Peter Outerbridge (Xeque-Mate) e a promessa de um vilão que finalmente colocaria Batwoman para trabalhar bastante no restante da temporada.

Mais uma vez a série ficou na promessa mesmo, ainda que nos episódios “Rule #1” (2×09) e “Initiate Self-Destruct” (2×12) sejam cheios de ação com vilão dando trabalho para nossa heroína. Porém como disse no começo, “Batwoman” não consegue dar um fim no passado para seguir em frente, então rodamos em círculo novamente, com a volta do mistério de Kate Kane emergindo com o surgimento da antiga heroína desfigurada e desmemoriada ao lado Máscara Negra e da vilã Enigma (Laura Mennell) para tocar o terror na cidade de Gotham.

Neste meio tempo a série não conseguia avançar seus arcos, enrolando muito em cenas intermináveis com Alice tendo crise identidade e lidando com namorado Ocean (Nathan Owens) em sequências que tomavam boa parte dos episódios deixando a série simplesmente chata de acompanhar, sendo as cenas com Ryan e a equipe Batwoman com Luke, Mary e mais tarde Sophie, os momentos mais interessantes de acompanhar e as únicas capazes de tirar o marasmo que a série havia se tornado.

Fonte: CW

O seriado melhora bastante na reta final quando os roteiristas resolvem fazer o plot da temporada andar e também quando aposta em ganchos inesperados como no mini arco de Luke Fox nos episódios “And Justice For All” (2×14), “Armed and Dangerous” (2×15) e “Rebirth” (2×16) que não só traz um problema de cunho social fazendo uma ponte com o mundo real mostrando o problema sistêmico da polícia em relação as pessoas pretas, mas também é uma boa oportunidade para mostrar o quanto a série se tornou representativa neste quesito quando vemos Ryan, Mary e Sophie sofrendo diretamente com atentado de Luke evidenciando as injustiças do sistema judicial e policial de Gotham num dos bons momentos da série.

O arco principal, o desaparecimento de Kate Kane finalmente começa a fazer sentido e ganhar em emoção quando a personagem aparece novamente ganhando um novo rosto na pele da novata Wallis Day (Infinite). Em “Kane, Kate” (2×17) temos não só um desfecho inesperado, como uma reviravolta bastante eficiente que acaba por unir os arcos de Ryan e Alice conseguindo potencializar nossas expectativas para o season finale.

A verdade é que “Batwoman” oscila, mais uma vez entre altos e baixos a série ainda patina para encontrar um norte, como citei antes, Alice parece muito avulsa nesta temporada roubando tempo de tela que deveria ser de Ryan, afinal ela é a nova Batwoman, e mais uma vez o grande defeito da série é não conseguir se desvencilhar do passado e abraçar o futuro. O arco do desaparecimento de Kate Kane demorou dezoito episódios para ter um desfecho, e poderia ter sido finalizado em oito, muito porque pareciam não ter história suficiente para preencher a série.

Fonte: CW

De uma forma geral, não se pode dizer que os roteiristas não tentaram, mas a verdade é que não conseguiram inovar numa temporada que poderia ser a melhor, mas não chegou perto nem de ser ok. Apesar do arco dramático de Luke que elevou a narrativa em muitos aspectos, a série não soube aproveitar tão bem sua protagonista negra e o que ela poderia oferecer, apesar de um esforço enorme de Javicia em abraçar a causa com muito carisma, convencendo na ação apesar de pegar o bonde andando.

O final de temporada de “Batwoman” traz tudo aquilo que se espera, ação, caos, a introdução de um novo herói com Luke assumindo o manto de Batwing, além de uma carga dramática bem vinda com a finalização do arco da Kate Kane e Alice na série. A verdade é que este episódio “Power” (2×18) me deu esperança, não só por ter sido decente a ponto de fechar finalmente a história de Kane, mas também pela possibilidade de a série finalmente focar na sua nova protagonista na terceira temporada e assim seguir em frente com novas histórias, vilões e um caminho mais interessante sem se apoiar num passado que não rende mais.

Gostou? Veja o trailer e se já assistiu a temporada, comente o que achou.

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