“Lupin” – Parte 2 – Crítica

Apresentando o mesmo charme, porém ainda mais ousado, surpreendente e eletrizante, a série francesa mais quente do momento retorna para fechar lacunas e concluir de forma primorosa seu arco principal.

Fonte: Netflix

UAU!!! Ainda sem fôlego depois de assistir os cinco episódios da segunda parte de “Lupin”, que retorna depois de um breve hiatos para concluir a jornada de vingança em busca de justiça de Assane Diop tentando derrubar seu maior inimigo, Hubert Pellegrini. A série francesa da Netflix volta ainda mais viciante, trazendo uma trama rápida que mantém a qualidade e entrega um produto que merece ser analisado aos poucos, mas que no geral mantém o nível apresentado anteriormente.

Quando a Parte 1 de “Lupin” estreou em janeiro, não sabíamos que estávamos diante de um fenômeno, um mês depois, com muita repercussão positiva, elogios da crítica e do público, a série do golpista francês mais charmoso da atualidade tinha conquistado milhões de pessoas ao redor do mundo que estavam obcecados por uma trama envolvente de um personagem que se mostrava metódico, inteligente e sempre um passo a frente de adversários, some isso ao carisma natural de Omar Sy no papel título, temos a justificativa para tamanho sucesso.

Desta forma a Netflix tratou de confirmar a “Parte 2” do seriado para este ano ainda, precisamente 11 de junho. A narrativa funciona realmente como uma sequência direta dos cinco episódios anteriores, então você pode chamar tudo de primeira temporada, ou pode apenas dizer que essa é a segunda temporada da série que também não tem problema, fica por conta do público, porém aqui seguiremos o que foi estabelecido pelo streaming e chamar de segunda temporada.

A série parte do ponto em que parou, com Assane (Omar Sy) sendo descoberto como Lupin pelo policial Youssef Guedira (Soufiane Guerrab), ao mesmo tempo que seu filho Raoul (Etan Simon) é sequestrado pelo assassino Leonard (Adama Niane) a mando de Hubert Pellegrini (Hervé Pierre). O “Capítulo 6” (2×01) começa já de forma eletrizante com Assane e Guedira se unindo para achar Raoul e seu captor, ao mesmo tempo que a série começa a trazer um novo desenvolvimento para Diop como personagem através de outro decisivo flashback.

Fonte: Netflix

É importante notar que há diferenças sucintas entre a parte 1 e a parte 2 da série, enquanto a primeira parte estabelece de forma bastante competente o universo do personagem e dar corpo as suas motivações inclusive enfatizando sua fonte de inspiração, os livros de Arsené Lupin, aqui nesta nova leva de episódios, isto se mantém, mas ganha novas camadas dramáticas inclusive mostrando que o preconceito racial que o personagem sofre é um dos fatores que o motivou a lutar contra um sistema que não o aceita por conta da sua aparência mostrando um racismo ainda evidente na sociedade francesa.

Outro fator bacana desta nova temporada é que personagens que antes eram mais coadjuvantes nos cinco primeiros episódios, agora ganham espaço na narrativa, como é o caso do policial Guedira que vira um aliado em potencial e do melhor amigo do golpista, o joalheiro Benjamin Ferel (Antoine Gouy), sem falar nos novos rostos que aparecem como o inteligente Phillipe Coudet que surge como uma aliança importante para Pellegrini. Uma coisa que ficou clara anteriormente e “Lupin” sabe utilizar bem em sua narrativa, é sua capacidade de tornar algo óbvio, um quebra cabeça que fica mais complexo à medida que vai desenvolvendo sua história, como fica claro no falso gancho do final do primeiro episódio, que vira algo ainda mais eletrizante nas reviravoltas do episódio seguinte “Capítulo 7” (2×02).

A narrativa ganha mais em ação, com o jogo de gato e rato promovido pela disputa de poder e persuasão travado por Assane e Hubert, duas pessoas com métodos diferentes, mas que manipulam de forma bastante inteligente todos a sua volta para concretizar seus planos. Enquanto Pellegrini leva vantagem no segundo episódio se utilizando de assassinos para fazer seu serviço sujo, Diop consegue mais uma vez encontrar brechas e sua inteligência para virar no jogo no excelente “Capítulo 8” (2×03).

Fonte: Netflix

É impressionante que o showrunner George McKay juntamente com seus roteiristas se mostram mais ousados do que nunca, fazendo seu protagonista criar planos ainda mais mirabolantes para escapar das armadilhas de Pellegrini e da polícia, que agora começa a chegar cada vez mais próxima do encalço do arrojado Lupin que passa a ganhar fama pelas ruas de Paris e nos noticiários locais.

É claro que a trama não foge muito dos clichês, as vezes pode soar comuns em algum momento, mas o roteiro sempre consegue trazer uma boa reviravolta para seu enredo, deixando a sensação de que os episódios estão melhores a cada novo capítulo. Muito se deve a direção de Ludovic Bernard (diretor de segunda unidade do longa Lucy) e Hugo Gélin (Uma Família de Dois) que conseguem um bom equilíbrio entre as cenas de ação com boas perseguições de carro ou a pé pelas estradas do interior da França ou até mesmo pelas ruas de Paris, mantendo a leveza, objetividade e o charme estabelecido anteriormente.

A temporada ganha contornos decisivos nos últimos episódios, com o cerco fechando para Assane a série ganha oportunidade de colocar o personagem em situações que estão fora de seu controle, gerando uma tensão bastante eficiente que deixa tudo mais provocante e estabelecendo riscos para os mocinhos, algo que só aconteceu no último episódio da primeira parte, aqui no “Capítulo 9” (2×04) temos consequências para Assane e Benjamin sendo caçados nos lugares mais inusitados de Paris, incluindo nas famosas catacumbas subterrâneas da capital francesa mostrando que o seriado sabe utilizar a geografia do lugar para criar boas sequências de ação.

Fonte: Netflix

É bom ressaltar que Omar Sy continua sendo o dono do show, muito do que funciona na série se deve a ele, que retorna no papel de Lupin entregando uma atuação ainda mais segura equilibrando charme, humor e presença física, seu personagem ganha ainda mais camadas nesta segunda parte, inclusive vale ressaltar que um dos pontos altos é a relação de amizade de Assane e Ben que é bastante explorada no passado e no presente, assim como a relação amorosa entre Assane e a bela Juliette Pellegrini (Clotilde Hesme) que aqui ganha mais desenvolvimento, mesmo que fique claro que seu verdadeiro amor ainda seja da ex-esposa Claire (Ludivine Sagnier).

De uma forma geral, “Lupin” parte 2 entrega tudo aquilo que se espera de uma boa continuação, ação, aventura e ótimas reviravoltas, sem medo de abraçar clichês e subverte-lo em uma trama que ainda guarda muitos coelhos na cartola em reviravoltas magnificas que não só trazem referências as aventuras de Arsené Lupin, mas também mostra o quanto o roteiro é preciso nos detalhes, conseguindo costurar pontas soltas da primeira parte e fecha-las com louvor nesta segunda, que traz uma sensação de satisfação indescritível como fica claro no season finale da temporada o “Capítulo 10” (2×05), tão apoteótico e conclusivo para Assane que coroa o seriado como um dos mais envolventes e emocionantes da atualidade, muito porque não subestima seu público e entrega o que promete.

O gostinho de quero mais continua presente após o fim da temporada, revelar mais que isso seria estragar as surpresas, então que venha a Parte 3 (anunciada durante os créditos) com mais tramas de tirar fôlego como esta, pois nós merecemos.

Gostou? Veja o trailer da parte 2. Se já maratonou as duas partes, comenta abaixo.

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