“Esquadrão Trovão” – Crítica

Super heroínas plus size se unem nesta comédia que mistura ação, besteirol e aventura mostrando que seres superpoderosos não precisam seguir um padrão estético para salvar o dia.

Fonte: Netflix

O gênero super-herói é de longe o mais popular dessas últimas décadas, capaz de arrastar multidões ao cinema, principalmente se tiver Marvel ou DC logo acima do logo para puxar uma legião de fãs. Porém não é apenas essas duas grandes empresas que são capazes de fazer longas de super-heróis, praticamente todo estúdio de Hollywood tenta ter um exemplar original que possa lucrar. E nos streamings não é diferente, a Netflix, por exemplo, começa a olhar para esse mercado de uma forma mais ambiciosa.

O maior gigante de streaming atual, gosta de apostar alto em produções que as vezes nem sempre são calcadas na melhor qualidade, mas na maioria das vezes conseguem entreter bem o expectador causal. Estou citando tudo isso, para falar da nova produção da empresa que estreou na última sexta feira, “Esquadrão Trovão” (Thunder Force, 2021), comédia de super-heróis protagonizado por Melissa McCarthy (A Espiã Que Sabia de Menos) e Octavia Spencer (Estrelas Além do Tempo).

O longa escrito e dirigido por Ben Falcone (Alma da Festa), marido de Melissa na vida real e esta na sua quinta parceria com a esposa, traz a história das amigas Lydia Berman (McCarthy) e Emily Stanton (Spencer) que cresceram num mundo onde super vilões chamados “meliantes” (ou em inglês “miscreants”) são comuns na sociedade, que não tem nenhum super-herói para detê-los, desta forma são uma constante ameaça. Tudo muda quando Emily consegue uma forma de combatê-los e por coincidências do destino e muita ciência, ela e sua amiga Lydia ganham poderes e juntas acabam formando o esquadrão “Thunder Force”, a única esperança de deter as ações dos “meliantes” na cidade de Chicago.

Fonte: Netflix

A premissa não é lá muito inspirada, mas a narrativa traz algo incomum para o gênero, heroínas plus size, fora dos padrões dos super-heróis que conhecemos, normalmente com corpos definitivos e rostos perfeitos que são modelos de boa índole. A primeira parte da narrativa é bastante sólida, com a construção da amizade de Lydia e Emily desde infância até o rompimento delas no final do “high school” (o nosso “ensino médio”), isso ajuda o expectador entender a personalidade de cada uma, a primeira desleixada, extrovertida e maluca, a segunda inteligente, séria e introvertida.

O que você precisa entender sobre “Esquadrão Trovão”, é que o filme não se leva a sério em nenhum momento, talvez em uma ou duas partes, quando o roteiro foca na amizade da dupla protagonista, mas é isso, o resto é salpicado por muito humor, alguns vezes duvidoso e sem noção, mas alguns vezes inspirado que gera boas piadas, se você for com isso em mente, a narrativa desce melhor.

Assim como nos seus longas anteriores, a direção de Ben Falcone tem problemas em achar o tom certo de seus filmes, aqui não é diferente, as vezes a trama oscila muito, mas ao contrário das comédias “Tammy: Fora de Controle” e “A Chefa” que sofriam para achar o que contar, este filme tem uma trama mais fácil de controlar e uma premissa melhor, continua sendo clichê e sem grandes surpresas, mas ao menos é boa de assistir e o entretenimento é mais bem dosado.

Fonte: Netflix

Prá mim o trunfo de “Esquadrão Trovão” são suas protagonistas, aqui Melissa McCarthy traz uma heroína desengonçada no papel de Lydia, ridiculamente engraçada, mas que sabe valorizar os benefícios da amizade com sua amiga. Se você já viu os vários filmes da atriz, aqui não é diferente, ela entrega o que você espera, não só com frases sem noção, mas fisicamente também, já que quando Lydia ganha super força, a personagem está constantemente batendo em bandidos ou jogando ônibus na forma mais aleatória possível.

Por outro lado, temos Octavia Spencer, assim como Melissa, é uma heroína que não se vê por aí, sem falar que é legal ver uma atriz negra na pele de uma super-heroína que a além de cientista é bem inteligente e crucial para a narrativa funcionar. Spencer parece estar se divertindo no papel, sua química com Melissa é boa e talvez a melhor parte do filme, não que seja uma dupla perfeita, mas é o famoso caso dos opostos que se complementam e achei legal ver a duplinha em ação.

O elenco coadjuvante dá certo peso ao filme, apesar da maioria ser carregado de estereótipos do gênero. Bobby Cannavale (Homem Formiga e a Vespa) como o vilão “The King” é cheio desses trejeitos clichês que já vimos em outros filmes, mas serve bem a seu propósito, assim como Pom Klementieff (Guardiões da Galáxia Vol. 2) no papel da vilã Laser, a típica subordinada que sempre dá muito trabalho para as super-heroínas. Melissa Leo (O Protetor 2) no papel da assistente Allie da equipe “Thunder Force”, está apenas existindo ali, não tem nada que realmente contribua para história.

Fonte: Netflix

Talvez os dois personagens que valem as menções sejam a atriz Taylor Mosby (The Last O.G.) no papel de Tracy, filha de Emily que serve como cola para unir a equipe, ela interage bem com os personagens de Spencer e da McCarthy, dando um pouco mais de humanidade para a dupla. E por fim temos, Jason Bateman (Ozark) no papel de “The Crab”, um vilão mediano que acaba tendo uma queda pela personagem Emily, vou dizer que é bom ver Bateman e McCarthy interagindo novamente, eles fizeram juntos o engraçado “Uma Ladra Sem Limites” e aqui repetem brevemente a parceria e ainda parecem se divertir proporcionando cenas vergonha alheia e ridículas que acabam sendo engraçadas exatamente por isso.

De uma forma geral, “Esquadrão Trovão” é sim uma comédia mediana, mas vale o investimento pela tentativa de trazer algo diferente para o gênero de super-heróis. O filme tem lá sem problemas, a dupla Melissa e Octavia compensam, super-heroínas que entregam na ação e as vezes no humor também. A produção é pomposa, tem bons efeitos visuais, boas cenas de ação que ajudam a acrescentar no passatempo, mas como eu disse, o segredo é não levar nada muito a sério aqui, assim a narrativa funciona melhor. E no final das contas o entretenimento escapista é garantido, e acaba nos fazendo querer ver mais de “Marreta” e “Bingo” em ação, afinal esse esquadrão de gordinhas fofas são porretas no quesito salvar o dia.

Gostou? Assista ao trailer, se já assistiu a esta comédia, comenta abaixo.

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