Um curta-metragem encantador e que talvez seja a inspiração que você precisa para começar bem o dia.

Lidar com a perda pode ser algo difícil, apesar de em algum momento seguirmos com nossas vidas adiante, aquele sentimento de algo faltando permanece de forma quase constante. Atualmente estamos vivendo numa pandemia onde várias famílias estão sofrendo com esta dor, algo difícil de mensurar, algo difícil de esquecer, mas é quando nos apegamos as pessoas que amamos e que permaneceram, é que conseguimos achar um alento que nos inspira a viver de novo.
Estou falando isto, porque tirei hoje nove minutos do meu dia para assistir ao curta metragem original da Netflix, “Canvas”, ganhador do recente prêmio de melhor animação curta na premiação NAACP Image Awards 2021 (premiação de entretenimento dedicada a produções afro-americanas), que conta a história de um senhor idoso que se vê sem inspiração para continuar pintando depois que perdeu a esposa. O curta foi escrito e dirigido por Frank E. Abney, estreante nas duas funções, mas com uma vasta experiência como animador em longas da Pixar incluindo “Viva – A Vida é uma Festa” e o recente “Soul”, o cineasta traz uma narrativa muito bem-feita e bastante sensível.
O trabalho aqui é belíssimo, parte em animação 3D, parte em animação 2D (particularmente em sequências em flashback), Abney se mostra bastante no controle, com uma sensibilidade tocante que sabe trazer emoção para sequências lindas, ainda que sejam curtas. A fluidez da narrativa é um ponto a se notar, mas só funciona por conta da trilha sonora tocante que aqui funciona para preencher a ausência de diálogos dos personagens.

O legal de “Canvas” é que a história não precisa de nenhum diálogo para te fazer sentir, quando um cineasta consegue esse feito, merece todo nosso respeito. A forma como o senhor idoso parece frustrado com a vida, sem inspiração, em contraponto com a inocência da neta, que não entende seu olhar sério, mas tenta agradá-lo com seus próprios desenhos é lindo, ao mesmo tempo que nos faz importar nem que seja um pouco com esses personagens.
O começo da narrativa é um pouco melancólico, mas quando vamos conhecendo os motivos do protagonista e as motivações do que está sendo contado, a história se abre como uma flor, se revelando cheia de afeto e ternura. A forma como Frank trata a superação do luto é muito eficiente, ele aposta nos sentimentos que acontece aos poucos, a virada do roteiro perto do final não surpreende, mas é tão organicamente certa, que deixa um gostinho de quero mais em quem está assistindo.
De uma forma geral, “Canvas” é um curta metragem maravilhoso, sensível, emocionante e encantador. O diretor Frank E. Abney se mostra talentoso e agora que assinou como diretor da Netflix, espero que faça mais obras com famílias negras com esse nível de cuidado e dedicação. Uma animação feita com esmero e feita para te deixar mais feliz em momento difícil. Então minha sugestão é que você tire nove minutinhos do seu dia para conferir essa linda obra da Netflix que no final vai elevar seu estado de espírito e te deixar muito bem, provando que na vida, existe várias formas de recuperar a inspiração depois de um momento difícil, e as vezes elas se encontram nos pequenos momentos, é só preciso enxergá-los.
Gostou? Veja o trailer e se já assistiu ao curta, diga o que achou logo abaixo.
