“Rastros de Resistência: Histórias de Luta e Liberdade do Povo Preto” – Análise

Resgatando heróis, líderes e revolucionários da resistência preta no Brasil e na America Latina ao longo da história, “Rastros de Resistência” mostra que temos muito a aprender sobre a história de nossos antepassados.

Fonte: Panda Books

A história é algo que precisa ser revisitado sempre, seja por motivos didáticos, seja para relembrar fatos que marcaram época e que muitas vezes tem reflexo nas ações do presente. A história brasileira é rica neste ponto, mas se mostra incompleta em outros quando tenta revisitar épocas pré abolição da escravatura e acaba esquecendo de exaltar na maioria das vezes os heróis negros que contribuíram para que o nosso país saísse de um sistema escravagista que durou mais de 300 anos.

Levando em conta essa premissa, o autor, pesquisador e ativista de mídia da cultura afro-brasileira, Ale Santos escreveu “Rastros de Resistência: Histórias de Luta e Liberdade do Povo Preto”, um livro sobre a cultura dos povos negros e sua luta de resistência ao regime de escravidão em se encontravam. Este livro é um resgaste, resgaste de uma luta que começou naquela época, mas que continua até hoje, mesmo que seja de uma forma diferente. Para Ale, saber quem são estes heróis negros do passado pode impactar como você age no presente e esse é o principal objetivo que você tira de lição ao ler o livro.

Esta obra literária da editora Panda Books, traz a história de figuras incríveis não só do Brasil, mas também dos países da America Latina e dos países africanos também. Aqui a Ale Santos faz um trabalho incrível de pesquisa conseguindo passar por vários momentos marcantes da história, não escondendo a ferida do racismo e do preconceito em nenhuma delas, na verdade ele começa descrevendo sobre a dor e sofrimento provocada pelos europeus colonizadores em relação aos povos africanos, mas que termina com esses povos resistindo a tirania dos senhores de engenho e as atrocidades dos governos locais e dos capitães do mato a seu serviço.

Fonte: Panda Books

A primeira parte do livro fala muito sobre o sistema escravagista brasileiro e africano, ressaltando como o racismo começou a ser moldado no imaginário popular, desde o apagamento da história desses povos, passando por toda uma lavagem cerebral sofrida por escravos transportados em condições precárias em navios negreiros para lugares que não conheciam, até chegar em um momento que acabam “aceitando” essa condição para resistir e sobreviver logo depois. A narrativa descrita aqui é pesada, revoltante e não poupa o leitor do choque de descobrir certos detalhes que poucos livros de história revelam sobre as condições vividas por esses povos negros quando são tirados a força de suas terras natais.  

É neste ponto que conhecemos os heróis da resistência, o livro se divide em vários trechos onde Ale Santos evidência o problema, mas consegue trazer um alento de esperança através desses guerreiros e guerreiras negras que se recusavam a se curvar a tirania do sistema opressor que se encontravam. Figuras histórias como: Benedito Meia-Légua, Benkos Biochó, Zacimba – A Princesa Guerreira, Tereza de Benguela, para citar alguns dos quilombolas que resistiram a tirania colonizadora branca, salvando seus irmãos pretos do cativeiro e servindo como peças-chaves para uma resistência negra que só fez crescer ao longo dos séculos 18 e 19.

É incrível a riqueza de detalhes que Ale Santos (foto abaixo) consegue descrever o feito desses guerreiros de uma forma bastante objetiva e sempre exaltando o feito de cada um e o quão foram importantes para resistência contra o sistema escravagista opressor. É claro que em alguns momentos fica aquele gostinho de quero mais, quando o personagem histórico é interessante e seu capítulo acaba, mas aqui fica claro é que “Rastros de Resistência” é uma porta de entrada para conhecermos estas pessoas e procurar mais informações sobre elas.

Fonte: Imirante

O livro também, além dos relatos, possui ilustrações históricas em preto e branco ou coloridas incríveis dando ainda mais riqueza ao que está sendo escrito e descrito pelo autor, mostrando que os colaboradores por traz da confecção do livro, que tem uma qualidade excelente, estavam em sintonia num trabalho de pesquisa bastante apurado e bem-feito.

Falar mais sobre “Rastros de Resistência” seria estragar a experiência de ler um livro que precisa ser descoberto por aqueles que desejam saber mais sobre a história do povo preto que resistiu a anos de escravidão e atrocidades. O livro é ótimo em mostrar que precisamos saber mais sobre a nossa história e não apenas se ater a visão padronizada que lemos na escola, desta forma vamos descobrir que a luta não se resumiu apenas a Princesa Isabel assinando um papel abolindo escravidão, mas que foi parte de um processo longo de anos de luta que teve figuras que muitas vezes não aparecem nos altos, mas que foram fundamentais para que o povo negro fosse liberto anos depois.

É importante falar que “Rastros” tem um papel fundamental nisso, ao colocar Dandara de Palmares, o abolicionista Luís Gama dentre outras figuras negras históricas no centro da narrativa, ganhando o destaque merecido na luta pela liberdade do povo preto e contribuindo para muitos de seus descendentes continuassem lutando para um mundo mais igual e justo. A obra de Ale Santos tem papel crucial em abrir a mente dos leitores fazendo com que figuras apagadas da história, ganhem presença novamente servindo de inspiração para adultos e jovens desta nossa geração atual.

Onde Encontrar? Você pode encontrar este livro no site da editora Panda Books, AfricanPolican.com Amazon e outras livrarias maiores pelo Brasil. Se já leu, comenta logo abaixo, quero saber o que você achou desta obra.

Ficha técnica
Livro: Rastros de Resistência Histórias de Luta e Liberdade do Povo Preto
Autor: Ale Santos
N° de Páginas: 133
Faixa Etária: Adulto
País de Origem: Brasil

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