Apesar do trio protagonista talentoso liderado por Denzel Washington, o longa “Os Pequenos Vestígios” falha ao carregar a narrativa de forma lenta e sem repostas satisfatórias.

Thrillers de suspenses no cinema são comuns e normalmente são bem recebidos quando conseguem atiçar o expectador e deixá-los tensos até o último segundo, thrillers como: “Seven – Os Sete Pecados Capitais”, “Colecionador de Ossos”, “Tirando Vidas” e “Zodíaco” são exemplos de como entregar boas tramas que envolvem e deixam o expectador satisfeito ou dividido abrindo discussões que permeiam por muito tempo, eternizando esses filmes de uma forma marcante sendo lembrados de tempos em tempos.
Infelizmente o mesmo não pode ser dito de “Os Pequenos Vestígios” (The Little Things, 2021), thriller policial dirigido por John Lee Hancock (Fome de Poder) e protagonizado por Denzel Washington (O Protetor) que ainda divide a tela com Rami Malek (Bohemian Rapsody) e Jared Leto (Esquadrão Suicida). A narrativa conta a história do policial do xerife Joe Deacon (Washington) que volta a cidade de Los Angeles depois de anos para pegar provas de um crime e acaba se envolvendo numa teia de assassinatos de jovens mulheres que o faz relembrar de um caso do passado.
O primeiro ato desta produção da Warner Bros que estreou nos cinemas e no streaming HBO Max em janeiro, é até interessante, encontramos o policial Joe tentando resolver um crime que o leva de volta a cidade onde fez a vida, mas teve que sair as pressas depois de um acontecimento turbulento e misterioso. O personagem se mostra uma pessoa cheia de fantasmas, atormentado por culpa e que se vê de volta ao mundo da investigação ao se deparar com um rastro de morte e violência de jovens mulheres que estão sendo mortas na cidade.

O maior problema do longa é que sua narrativa é um pouco desconjuntada, falta foco na direção de John Lee, ele apresenta as vítimas sendo perseguidas, mas não consegue situar o expectador de uma forma mais simples onde os crimes ocorreram e o nome das vítimas, focando apenas na investigação como se expectador tivesse um conhecimento prévio, isso fica mais evidente no segundo ato quando o filme começa a cansar e a história fica empacada em conversas intermináveis que parecem não levar a lugar nenhum.
Quando Joe conhece o detetive novato Jim Baxter (Malek) o filme tem a chance de trabalhar a relação entre o veterano que tem as informações e o novato que ainda está se adequando a função, mas que está disposto a conseguir descobrir quem é o assassino em série por trás dessas mortes. Confesso que gostei da dupla Washington e Malek, eles carregam bem o filme e a relação deles serve de contraponto (ainda que seja meio óbvia) entre o velho e o novo enquanto vamos descobrindo mais de suas personalidades.
A meu ver, acredito que a narrativa desmorona quando o ator Jared Leto entra em cena. Seu personagem que é o principal suspeito do caso, era para ser estilo o vilão do Kevin Spacey em “Seven”, mas acaba sendo apenas um sujeito estranho que parece ter más intenções, ainda que uma de suas cenas no terceiro seja razoavelmente boa, o personagem parece inserido de uma forma muito gratuita e sem desenvolvimento.

Outro problema de “Os Pequenos Vestígios” é que o filme se arrasta muito sem dar pistas para o expectador, o suspense e o mistério aqui é quase inexistente, sem falar que tudo poderia ter sido resumido numa projeção de noventa minutos, mas parece interminável ultrapassando as quase duas horas sem uma reviravolta realmente marcante, mesmo com Denzel Washington e Remi Malek se forçando bastante para segurar suas cenas.
Por incrível que pareça, Malek é o melhor personagem aqui, um novato incorruptível, mas que vê a vida desmoronando ao se envolver demais no caso dos assassinatos se esbarrando muito em becos sem saída. Denzel Washington por sua vez traz um personagem com camadas, mas o ator não consegue trazer algo mais no papel, fazendo apenas o básico do que a gente conhece dele, porém muito abaixo do talento dramático que sabemos que o ator tem.
De forma geral, “Os Pequenos Vestígios” é um filme que tinha tudo para ser um grande thriller, pois tem elementos suficientes para atiçar quem assiste, mas infelizmente devido a inconsistência da direção, um roteiro pouco inspirado e atuações apenas razoáveis deixam um gostinho amargo para quem assiste, ainda mais com um longa que não tenta em nenhum momento surpreende, ou sabe criar algum tipo de antecipação, se apoiando em velhos clichês do gênero sem trazer algo novo para tela, acabando por frustrar quem gosta de algo mais inteligente dentro de um gênero conhecido por sempre entregar bons filmes, infelizmente este não é um deles.
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