“TENET” – Crítica

Inversão do tempo, grandes cenas de ação e uma trama de tirar o fôlego, mesmo com seus pequenos defeitos, “TENET” é entretenimento puro.

2 Indicações ao Oscar 2021
Vencedor do Oscar
Melhor Efeitos Visuais
Fonte: Warner Bros Picture

O diretor Christopher Nolan é um diretor a frente de seu tempo, conseguiu ter destaque em Hollywood cedo com o excelente “Amnésia” trazendo uma história que praticamente era contada de traz para frente. Após este sucesso o nome do diretor foi crescendo e chegou ao estrelato com a trilogia do Batman estrelada por Christian Bale. O nome do diretor se tornou uma marca poderosa quando “A Origem” e “Dunkirk” atraíram os olhares dos votantes do Oscar com múltiplas indicações incluindo melhor filme e melhor diretor. Então chegamos a sua produção mais atual, “TENET”, estrelada por John David Washington (Infiltrados na Klan).

Esta nova produção de Christopher traz um conceito da inversão do tempo misturado a uma trama de ação e espionagem que percorre vários locais do mundo numa narrativa onde o personagem de Washington precisa correr contra o tempo para literalmente salvar o mundo das mãos de um vilão inescrupuloso. É claro que a premissa de “TENET” pode ser considerada mais do mesmo e até batida demais, aliás, o longa tem uma vibe que lembra 007 e Missão Impossível, claramente inspiração bem-vinda resgatada por Nolan.

O fato deste longa ter sido dirigido e roteirizado por Nolan, a narrativa fica mais no controle do diretor, que não poupa o expectador de explicações complexas, conceitos científicos e muita informação explicadinha para você não ficar muito perdido. O filme é um mar de possibilidades e apesar de não ser algo totalmente original, ele encontra formas de se tornar interessante ao longo de suas duas horas e meia de projeção, numa trama bastante dinâmica que prende a atenção do expectador logo no início, talvez esteja seja um dos filmes do Nolan com menos respiro entre uma tomada e outra.

Fonte: Warner Bros Picture

Esta urgência toda, juntando com todas as explicações do conceito de inversão deixam a trama por muitos momentos confusa, mas as todas as informações que você precisa estão na tela. Talvez o maior problema de “TENET” seja não ter momentos menores e mais íntimos para que o expectador se importe com os personagens, a meu ver faltou um polimento no roteiro de forma dar mais peso a ações de alguns deles, o protagonista, por exemplo, claramente merecia um arco dramático para dar mais sobriedade a trama.

O roteiro deste filme também sofre com alguns diálogos bastante clichê e piegas, muitos deles não tem muita inspiração e acabam por ocasionar risos involuntários. É claro que Nolan compensa isso com um grande quebra cabeça narrativo salpicado de muitas cenas grandiosas de ação, usando bastante efeitos práticos que acabam compensando a falta de sutileza no roteiro.

Outro ponto negativo de “TENET” é a edição frenética, as vezes picotada demais causando certa estranheza em quem assiste, é claro que Nolan faz isso de forma proposital, mas não deixa de ser percebida. A verdade é que o diretor entrega muito nas cenas mais elaboradas, tudo aqui é muito estiloso, grande e muito bem dirigido, destaque para a cena de luta com o protagonista em um corredor, a cena do avião, a cena de perseguição numa rodovia e é claro o complexo terceiro ato.

Fonte: Warner Bros Picture

Sobre o elenco, temos aqui dois destaques claros, como a maioria dos personagens tem pouco desenvolvimento (isso não é um problema, até Missão Impossível sofre com isso), dois apenas chamam a atenção, o primeiro é claro o protagonista vivido por John David Washington (Infiltrado Na Klan), estiloso, elegante, inteligente e esperto o bastante para segurar a narrativa, sem falar que entrega muito nas cenas de ação. Robert Pattinson (Bom Comportamento) como Neil é outro grande destaque, talvez o personagem melhor desenvolvido aqui. O elenco coadjuvante funciona em prol da narrativa, como Elizabeth Debicki (Viúvas) que está ok, assim como Himesh Patel (Yesterday) e Aaron Taylor-Johnson (Vingadores: Era de Ultron), porém o mesmo não pode ser dito de Kenneth Brannagh (Assassinato No Expresso do Oriente) que apresenta um vilão bastante estereotipado e previsível, mas super comum em narrativas de espionagem.

Tecnicamente “TENET” é um espetáculo a parte, você pode argumentar do som alto em alguns momentos, que as vezes realmente incomoda, mas a trilha sonora de Ludwig Göransson na maioria do tempo funciona muito bem, criando um clima de paranoia sem igual que ajudam a potencializar a urgência narrativa da trama, além de empolgar em boa parte das cenas de ação. A fotografia é um espetáculo a parte, ao usar cenários reais em várias partes do mundo, o filme ganha em escopo e grandiosidade, além de se mostrar uma trama bastante global. A edição de som é muito boa, assim como os efeitos visuais, em sua maioria práticos, o que torna tudo ainda mais impressionante quando visto em tela.

De uma forma geral, “TENET” é um excelente filme, talvez não seja o melhor do Nolan em questão de roteiro e desenvolvimento de personagens, mas com certeza é um de seus melhores filmes em termos de ação e grandiosidade. Aqui fica claro que o longa foi feito para ser visto na maior tela possível garantido o máximo de entretenimento que o cinema moderno pode oferecer, ainda que seja visto na TV, o longa não perde impacto, pois sua capacidade de atiçar o expectador torna a experiência de assistir algo único. Talvez o conceito do filme dívida opiniões, mas de uma forma geral é bem executado mostrando que Nolan sabe entregar aquilo que o público quer, ação e diversão de primeira.

Elo Preto

Personagem: O Protagonista
Ator: John David Washington
Idade: 36 anos

O destaque da coluna de hoje vai para o protagonista John David Washington, aqui o ator que faz o papel do personagem “O Protagonista”, é bacana ver um espião negro, com estilo, elegância e que é porradeiro. Washington entrega um protagonista que vale a pena torcer e ainda que precise de mais desenvolvimento em alguns momentos, de uma forma geral ele funciona puxando a narrativa em torno de si. Este é apenas o segundo trabalho de destaque de John, que após trabalhar com Spike Lee em “Infiltrados na Klan”, se mostra uma estrela em ascensão em Hollywood com um futuro brilhante pela frente.

Gostou? Assista ao trailer e se já assistiu ao filme, comente logo abaixo.

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