“Olhos de Wakanda” – 1° Temporada – Crítica

Wakanda Para Sempre! Sem muito alarde, a animação em formato de série estreou no Disney Plus expandido o universo do Pantera Negra com uma narrativa ancestral, bem acaba e visualmente linda.  

Spoilers Moderados Abaixo

Foto/Reprodução: Marvel Studios

A Marvel e a Disney tem um problema com representatividade e não é de hoje. Quando “Pantera Negra” estreou e se tornou um fenômeno cultural em 2018, muito se questionou se isto abriria as portas para mais projetos protagonizados por pessoas não brancas. Isto aconteceu, porém, com a recepção morna de projetos ao longo da “Saga do Multiverso” como: “Eternos”, “Echo”, “Coração de Ferro”, “Capitão América: Admirável Mundo Novo” e “As Marvels”, com exceção de “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” e “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre”, percebemos que a Marvel tem negligenciado o cuidado com as produções principalmente na questão da divulgação.

Seguindo esta linha e com quase nada de divulgação por parte do Disney Plus, a animação “Olhos de Wakanda” (Eyes of Wakanda, 2025-Presente) estreou no último dia 01 de agosto. A série produzida por Ryan Coogler (Pantera Negra Wakanda Para Sempre) e criada por Todd Harris é um evento de quatro episódios que funciona em formato de antologia, passando em época diferentes focando em missões de personagens pelo mundo para recuperar artefatos roubados e retorná-los para Wakanda.

A função da animação é claramente expandir um universo rico cheio de ancestralidade, negritude e mitologia. Quando somos apresentados a personagem Noni (Winnie Harlow) no episódio “Na Cova do Leão” (1×01) no período de 1260 A.C, somos levados direto para missão desta destemida jovem que precisa recuperar um artefato e destruir o vilão Nkati (Cress Williams) de forma completar seu treinamento como Dora Milaje.

Foto/Reprodução: Marvel Studios

Em termos de produção, não há dúvidas que visualmente “Olhos de Wakanda” impressiona, além de manter o que já foi estabelecido nos filmes, mas com uma liberdade que só desenhos conseguem trazer. Os traços seguem uma estética que mistura o antigo ao moderno com design de produção bem executado. O roteiro é bastante direto priorizando a ação e o entretenimento que são sentidos no piloto já mencionado e que perduram nos episódios restantes.

A direção do próprio Todd Harris é bastante eficiente e acentuada por uma sutileza que se preocupa em contar a história desses personagens, mesmo que de forma breve, mas sem sucumbir as conexões fáceis. O segundo episódio “Lendas e Mentiras” (1×02) mistura a história da Guerra de Troia durante uma invasão focando no personagem Memnon (Larry Herron) e sua relação com Aquiles (Adam Gold), misturando elementos históricos com ficção que nem sempre funcionam, mas mostra o esforço de trazer coerência narrativa sobre a influência de Wakanda durante as eras.

O fato é que existe um cuidado narrativo para que o expectador não se perca durante a história de cada personagem, focando exatamente na missão que todos estes indivíduos precisam executar em prol evitar que Wakanda seja exposta e que o vibranium não fique na mão de estrangeiros do mundo externo, algo já abordado nos filmes com T’Chala (Chadwick Boseman) e Nakia (Lupita Nyong’o). Isto traz bons dilemas morais para todos os envolvidos, entre cumprir sua missão como “Cães de Caça”, nome dado aos agentes wakandianos, ou fazer o que é certo que nem sempre vai de encontro aos interesses de Wakanda.

Foto/Reprodução: Marvel Studios

Tudo isto fica mais acentuado no ótimo episódio “Achados e Perdidos” (1×03), onde inclusive temos finalmente a introdução da mitologia do “Punho de Ferro” no Universo Cinematográfico da Marvel (UCM ou MCU) através da personagem Jorani (Jona Xiao), que se envolve com agente Basha (Jacques Colimon), que rouba um artefato na China e precisa lidar com as consequências de retornar mais um item para terra dos Panteras Negras.

A verdade é que “Olhos de Wakanda” é uma animação agradável de assistir que segue os moldes da animação “What..If”, só que de uma maneira mais objetiva se preocupando mais com seu próprio lore sem ter que lidar com algo mais grandioso. Ainda assim, faltou a série um foco maior na mitologia dos Pantera Negras, algo que foi abordado parcialmente no ótimo final de temporada “O Último Pantera Negra” (1×04), protagonizado por Kuda (Steve Toussaint) e Tafari (Zeke Alton), que liga todos os episódios anteriores.

Talvez esta seja a única ressalva da animação, ser curta demais, pois é tão bem produzida e dinâmica de assistir, que deixa aquele gostinho de que poderia facilmente ter mais episódios, que inclusive permitiria uma melhor exploração não só das missões externas, mas da sociedade wakandiana também, que aqui foi pouco explorada, mas com certeza merecia alguns momentos.

Foto/Reprodução: Marvel Studios

De uma forma geral, “Olhos de Wakanda” é uma ótima animação, muito bem executada, que mistura ação, aventura e mitologia de uma forma bastante consistente, trazendo personagens interessantes e uma bem vinda expansão desta parte rica do MCU que tem muito para render ainda. Apesar da falta de divulgação, a série animada merece sua atenção principalmente se você gosta dos filmes do Pantera Negra e da recente série “Coração de Ferro”, o entretenimento aqui é rápido, consistente e satisfatório.

Observação: Muita atenção no último episódio para aparição de uma certa entidade cósmica.

Gostou? Veja o trailer e comente abaixo sobre o que achou da animação.

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