Dupla canastrona! Este longa de comédia holandês da Netflix, replica algumas narrativas americanas para entregar uma narrativa que sofre para equilibrar comédia descompromissada com drama policial.

Filmes policiais com duplas dinâmicas sempre foi algo bastante explorado pelo cinema hollywoodiano e muitas delas fizeram sucesso por gerações, como a dupla Riggs e Murtaugh na franquia “Máquina Mortifera”, ou a comédia do Edgar Wright, a ótima “Chumbro Grosso” que tem a dupla Angel e Danny, ou até mesmo Mike e Marcus da franquia “Bad Boys” que continua fazendo sucesso até hoje, com o último “Bad Boys: Até o Fim”. Estes dois grandes exemplos, são para mostrar que o gênero “buddy cop” (ou “parceiro policial) continua sendo um dos mais populares da sétima arte.
É inspirado em “Os Bad Boys” que o novo longa da Netflix, “Os Bad Boas” (Bad Boa’s, 2025), estreou no último dia 11 de julho contando a história de Ramon (Jandino Asporaat), um policial comunitário que toma conta das ruas periféricas de Roterdã e é bastante ridicularizado por fazer o certo. O policial boa praça ganha a companhia de Jack (Werner Kolf), um policial linha dura, que é rebaixado após participar de uma operação que dá errado, levando a morte do jovem Kevin (Yannick Jozefzoon), coincidentemente, meio-irmão de Ramon.
O filme holandês claramente faz diversas referências a franquia iniciada por Michael Bay, não só por ter uma dupla preta protagonista, mas por tentar criar um thriller de investigação que vai sendo desvendados aos poucos desembaraçando as pistas por traz do assassinato do irmão de Ramon. A verdade é que a narrativa ao tentar emular o filme de Will Smith e Martin Lawrence, acaba entregando uma comédia meio pastelão no estilo “Segurança de Shopping”, aquele protagonizado por Kevin James, e talvez seja aí que o tudo desmorona.

É interessante ver que o longa começa dando um tom que irá ser mais comédia do que um thriller de ação, logo na primeira cena, porém o trio de roteiristas Kenneth Asporaat, Michel Bonset e Murth Mossel, não consegue trazer um bom equilíbrio entre o tom cômico e o mais sério, criando um filme que não consegue criar uma identidade própria, resultando apenas com lampejos criativos do que a história poderia ser.
Falta a “Os Bad Boas” um foco narrativo que nem a direção do estreante Gonzalo Fernandez Carmona consegue entregar, mas isto não quer dizer que tudo aqui é um desastre, existe momentos onde a comédia tem seus momentos, principalmente por conta da atuação do ator Jandino Asporaat, que lembra um pouco o estilo de Kevin Hart e acaba por roubar todas as cenas em que aparece.
O filme em si, consegue prender nossa atenção, mas falta aquela boa química entre a dupla protagonista para que tudo funcione melhor. O ator Werner Kolf faz o policial durão e sensato, mas falta carisma, em muitas cenas a canastrice que sobra no seu parceiro, falta no personagem que é muito apático onde deveria mostrar emoção as situações ao seu redor.

Talvez seja exatamente isto que falte no filme em si, “Os Bad Boas” deveria abraçar a comédia, onde na maioria das vezes se sai bem, quando tenta se levar muito a sério, não consegue entregar um filme de ação interessante. Muito por conta do orçamento modesto e claramente porque não consegue ter cenas de ação grandiosas, mas algumas menores sem muito impacto.
Quando o filme entende suas limitações e explora as gags através do protagonismo de Ramon, o filme até empolga, destaque aqui para sequência na pista de kart que é absurdamente divertida levando a uma perseguição na cidade terminando numa ponte durante uma perseguição a um suspeito. Outro destaque vai para terceiro ato, que apesar de clichê, ainda tem seus momentos, principalmente quando reúne outros membros da comunidade dos patrulheiros do Boas (nome do departamento), para salvarem o dia.
Por tudo que foi comentado, “Os Bad Boas” é uma comédia mediana, daquelas que vale como passatempo, mas fica devendo como filme policial bem abaixo no gênero “buddy cop”. O cinema holandês costuma entregar bons filmes, este pode até não ser um marco, mas vale por mostrar uma comédia que foca nas periferias e traz um protagonismo preto que normalmente não é mostrado nos Países Baixos e uma diversidade que quem não conhece tanto, se surpreendente como Roterdã é multicultural e racial, neste ponto, o filme traz um lado positivo que conquista pelo senso de comunidade.
Gostou? Veja o trailer abaixo e comentoe sobre o que achou do filme se já conferiu.

