O paraíso ilusório! Protagonizado por Sterling K. Brown, este drama que mistura mistério e conspiração nem sempre impressiona, mas prende com boas reviravoltas e um elenco cheio de boas atuações.
Spoilers Moderados da Temporada Abaixo
| 4 indicações ao emmy 2025 Incluindo: |
|---|
| Melhor Série de Drama |
| Melhor Ator Drama – Sterling K. Brown |
| Melhor Atriz Coadjuvante – Julianne Nicholson |
| Melhor Ator Coadjuvante – James Mardsen |

Não existe gênero mais intrigante do que aquele que envolve conspirações governamentais. Normalmente esses thrillers de suspense são tramas políticas que formam um quebra cabeça capaz de deixar o expectador na ponta da cadeira com reviravoltas intrigantes e um resultado tremendamente positivo.
É neste sentido que a série do Disney Plus, “Paradise” (2025-Presente), estreou este ano em meados de janeiro, trazendo uma trama bastante intrigante ao mostrar o assassinato do presidente dos EUA envolto em uma teia de mistérios que apontam para algo muito maior a ser desvendado pelo chefe de segurança Xavier Collins (Sterling K. Brown).
A narrativa escrita e criada por Dan Fogelman (This is Us), segue a linha dos grandes thrillers políticos recheados de camadas e pontas soltas que acabam por capturar a atenção do público ávido por mistérios e boas revelações. O primeiro episódio “Wilcat is Down” (1×01), é daqueles pilotos bem dirigidos, neste caso pela talentosa dupla Glenn Ficarra e John Requa, diretores da ótima comédia “Amor A Toda Prova”.

O episódio não para por aí, o roteiro é muito bem escrito, trazendo personagens fascinantes que vão desde Xavier Collins, passando pela influente Sinatra (Julianne Nicholson), a misteriosa doutora Gabriela Torabi (Sarah Shahi), e é claro, o presidente Cal Bradford (James Marsden), fonte do estopim que dá o pontapé para todos os eventos da série após ser brutalmente assassinato.
O melhor de “Paradise” é quando explora seu lado mais sombrio com uma narrativa densa, numa mistura de thriller paranoico e drama a moda antiga, se revelando nos últimos minutos do seu primeiro episódio, uma ficção científica da melhor qualidade. O formato da série requer paciência, os episódios “Sinatra” (1×02) e “The Architect of Social Well-Being” (1×03), são narrativas cadenciadas que ajudam a introduzir uma grande vilã, enquanto o episódio seguinte intensifica nas buscas por respostas após o assassinato.
A verdade é que a série prefere seguir um lado mais tradicional, sem apelar para revelações fáceis, mas não se priva de bons ganchos que ajudam a deixar o expectador ansioso para ver o próximo episódio. Talvez o ritmo demore um pouco para assentar e teste um pouco nossa habilidade de aguardar pelo momento de virada do roteiro, porém quando o texto começa a acelerar, temos episódios surpreendentes como o ótimo “Agent Billy Pace” (1×04).

Enquanto a primeira metade de “Paradise” sofre um pouco com o ritmo irregular, a segunda metade parece entender o quebra cabeça que montou, ligando todas as peças numa sequência de episódios alucinantes como “In The Palaces of Crowned Kings” (1×05) e “You Asked for Miracles” (1×06), que não só deixa o protagonismo de Xavier brilhar, como traz um jogo de gato e rato com Sinatra que torna tudo ainda mais curioso de assistir.
A produção da série é muito bem feita, seja pela trilha sonora vibrante, seja pelos efeitos visuais razoavelmente bons, seja pelos já mencionados roteiro e direção, mas acima de tudo pelo elenco cheio de estrelas. A vilã interpretada por Julianne Nicholson (Eu, Tonya) é complexa, fascinante e bastante mau caráter, daquelas vilãs que adoramos odiar.
É uma pena que a personagem de Sarah Shahi (Person of Interest) tenha sido subutilizada aqui, no papel da doutora da Gabriela. O ator James Marsden (Sonic 3: O Filme) por outro lado entrega um ótimo trabalho, mostrando um pouco de humanidade no papel do homem mais poderoso do mundo num papel que fica mais complexo à medida que vamos entendendo suas motivações durante os extensos flashbacks.

A atriz Krys Marshall (For All Mankind), bem como Nicole Brydon Bloom (The Gilded Age) e Jon Beavers (Sugar), são alguns bons destaques que ajudam a nos manter ligados na série. Porém, de todos citados, Sterling K. Brown (Pantera Negra) repete a parceria com Dan Folgeman, após o fim da aclamada “This Is Us”, para entregar uma atuação visceral e tocante no papel do agente do serviço secreto Xavier Collins, um personagem que desafia o sistema e descobre uma teia de mistérios ainda mais fascinante do que poderíamos esperar.
Inclusive, “Paradise” nos prende por trazer essa carapaça que mistura drama e conspiração governamental, mas por trás tece uma ambiciosa distopia futurista que vai ganhando corpo nos últimos episódios. Quando descobrimos a verdade por trás daquela sociedade sobrevivente, nos deparamos com uma revelação ainda mais satisfatória resultando no melhor episódio da temporada, “The Day” (1×07), que faz valer toda a construção narrativa até então, quando descobrimos como o mundo realmente acabou.
Por tudo que foi comentado, a série é de fato boa, por trazer à tona a ambição e complexidade humana de sobreviver mostrando seu lado mais egoísta em meio as situações extremas como o colapso global humano por conta de catástrofes. A passo que o seriado começa menor e vai se tornando cada vez mais grandioso em termos de ambições narrativas, temos aqui um dos seriados mais fascinantes do ano.

De fato, assistir “Paradise” pode sim testar a nossa paciência em termos de ritmo, mas o resultado é extremamente positivo na forma como revela não só as razões por trás do assassinato de uma figura política influente no ótimo episódio final “The Man Who Kept The Secrets” (1×08), mas toda a conspiração por trás daquele sistema ilusório que tenta criar uma utopia pós fim do mundo.
Com uma atuação bastante consistente de Sterling K. Brown, que tem uma presença enorme como protagonista, segurando a narrativa do começo ao fim. A série é daquelas imperdíveis que não dá para ser ignorada, ainda mais por ter um dos finais mais empolgantes de 2025, consagrando uma trama que poderia sucumbir a sua própria ambição, ao invés disto entrega entretenimento honesto e que prende a atenção numa das séries mais bacanas já produzidas pelo Disney Plus.
Observação: A série foi renovada para segunda temporada e deve estrear em meados de 2026.
Gostou? Veja o trailer e comente abaixo sobre o que achou da temporada de Paradise.

