“Gen V” – 1° Temporada – Crítica

Ousada e sem medo! O spin off de “The Boys”, está longe de ser um caça-níquel, entregando uma primeira temporada viciante, violenta e inescrupulosa pelo ponto de vista de jovens superpoderosos e ambiciosos.

Fonte: Amazon Prime

A série “The Boys” virou um fenômeno sem precedentes, daquelas séries populares que impactam pela violência gráfica, reviravoltas e personagens que transitam entre bons e maus num piscar de olhos, colocando também super-heróis como vilões numa trama que só fica melhor a cada nova temporada gerando expectativas altíssimas tanto para os fãs da HQ de origem quanto dos fãs do gênero.

Era certo que uma hora ou outra este universo iria se expandir drasticamente à medida que o tempo passasse. O criador da série original Eric Kripke (Supernatural) se juntou a Evan Goldberg (A Entrevista) e Craig Rosenberg (The Boys) e fizeram o spin off “Gen V”, narrativa derivada de “The Boys” que foca na primeira geração de super-heróis a saber que seus poderes são originados do Composto V, testando seus limites numa faculdade especial feita para desenvolvê-los como futuros heróis.

É seguindo esta premissa que o spin off toma forma, se passando pelo ponto de vista Marie Moreau (Jaz Sinclair) que possui um passado sangrento ao matar os pais quando descobre que controla partículas sanguíneas ao ter sua primeira menstruação. É a partir desta personagem que chegamos à Universidade Escola Godolkin de Combate ao crime fundada por Thomas Godolkin (Clancy Brown) recebendo todo suporte da Vought International.

Fonte: Amazon Prime

Os dois episódios iniciais “God U” (1×01) e “First Day” (1×02) são impecáveis em conseguir situar os expectadores sobre o objetivo da série, além do foco em Marie, temos também outros jovens supers que se destacam como Emma Meyer (Lizze Broadway) capaz de diminuir e aumentar seu tamanho, Cate Dunlap (Maddie Phillips) que possui o poder da persuasão conseguindo controlar quem ela tocar, Jordan Li (London Thor / Derek Luh) personagem que possui dois gêneros no mesmo corpo, Andre Anderson (Chance Perdomo) que controla qualquer metal que estiver a sua volta, além do popular Golden Boy (Patrick Schwarzenegger), o primeiro no ranking dos super-heróis da faculdade.

É através desse grupo principal e a trama de um suposto laboratório escondido nas instalações da escola que o seriado toma forma misturando mistérios, hormônios adolescentes, putaria e muita batalha de egos como só o universo “The Boys” sabe oferecer. É claro que a semelhança com X-Men é notável, mas “Gen V” consegue criar uma personalidade própria muito rápido e aproveita as referências da série mãe de uma forma bastante inteligente.

O roteiro aqui foge do comum, explora Marie e seus amigos atrás de respostas e utiliza a manipulação de diretores e da equipe de marketing da Vought para incrementar nas intrigas e na super exposição que esses jovens recebem, criando um ambiente de disputa onde o maior prêmio é atingir o ranking da faculdade e assim ter prestígio suficiente para no futuro se tornar um dos famosos “Sete”.

Fonte: Amazon Prime

O ponto mais positivo de “Gen V” é forma que a série não para em nenhum momento, todos os episódios possuem algo diferente a ser mostrado, mesmo que seja para chocar (ainda quero entender a obsessão dessa série com pênis) com a violência gráfica aumentando o nível de perigo gradativamente nos ótimos episódios “#ThinkBrink” (1×03) e “The Whole Truth” (1×04) que ajudam não só os arcos a se cruzarem, como utiliza-se de reviravoltas competentes para elevar a trama.

É claro que o seriado acaba soando bastante formulaico, afinal é basicamente a mesma pegada utilizada em “The Boys”, mas com adolescentes comandando a ação. Isso até o momento não é um problema, mas no futuro pode soar como repetição. Ainda assim existe um esforço muito grande do texto de tirar coelhos da cartola e consolidar seus protagonistas de uma forma que é difícil não se apegar.

O legal aqui é que os personagens são muito bons, todos tem algum trauma no passado, ou algum problema no presente tudo isso amplificado pelo fato de todos terem poderes. Bullying, assédio, relacionamentos tóxicos entre casais ou entre pais e filhos, além de outros assuntos pertinentes são tratados aqui de uma forma bastante eficiente, sem falar que a índole dos personagens que assim como em “The Boys”, navegam por uma área cinza, sendo difíceis de torcer 100% sem que você não fique chocado com alguma atitude dos mesmos.

Fonte: Amazon Prime

Se a primeira metade da temporada é bastante eficiente em apresentar e consolidar este universo de Godolkin, a segunda metade traz reviravoltas mostrando que a série consegue ter peso narrativo e riscos como podemos ver nos episódios “Welcome to the Monster Club” (1×05) e “Jumanji” (1×06), que não só colocam os personagens no limite, como também mais perto da verdade em rota de colisão com a misteriosa reitora Indira Shetty (Shelley Conn) e o oportunista Doutor Edison Cardosa (Marcos Picossi).

À medida que a série vai chegando a sua conclusão, as conexões com “The Boys” são inevitáveis, mas felizmente usadas de uma forma gerar toda uma conspiração relacionada a misteriosa “Floresta” resultando em algo muito maior capaz de abalar todo o universo dos supers, sabendo trazer personagens como Victoria Neuman (Claudia Doumit) e Grace Mallory (Laila Robins) para ajudar a enriquecer a história sem que seja algo gratuito como fica claro no episódio “Sick” (1×07).

Até este ponto “Gen V” é uma evolução bem vinda ao funcionar como uma bomba relógio em formato de seriado conseguindo o mesmo nível de empolgação da série principal. Ao focar numa protagonista negra com papel significativo com potencial para ser uma grande personagem no futuro, a série também busca um elenco diverso e que converse também com o público mais jovem que também é fã dessas histórias.

Fonte: Amazon Prime

Em termos de produção, a série não decepciona, os efeitos são bons, as sequências de ação causam impacto e a trilha sonora com vários hits pops deixam tudo ainda mais agradável e delicioso de acompanhar. O elenco é bastante sólido, destaque para Jaz Sinclair (Chilling Adventures of Sabrina) no papel de Marie, Lizze Broadway (Based on a True Story) no papel da maluquinha Emma Meyer e London Thor (You) no papel de Jordan Li, todas as três são ótimas e cheias de personalidade. Vale menções honrosas para Maddie Phillips (Caçadoras de Recompensas) e Marcos Picossi (Cidade Invisível) no papel do Dr. Cardosa, inclusive é legal ver um ator brasileiro tendo um papel de destaque o Pigossi está bem à vontade.

De uma forma geral, “Gen V” é uma ótima série que apresenta uma primeira temporada melhor do que a encomenda, dinâmica, empolgante e sendo um acerto para Amazon Prime na sua expansão do universo “The Boys”. Apesar das familiaridades do roteiro e algumas conveniências, a série tem personalidade própria e personagens bons os suficientes para capturar nossa atenção. O maluco final de temporada “Guardians of Godolkin” (1×08) mostra que a série não tem medo de chocar e ao trazer participações espetaculares para alimentar o eminente conflito entre “humanos vs supers”, a narrativa evidencia sua relevância dentro de um universo rico que tem tudo para render em futuras temporadas. Mantendo esse nível de qualidade, aguardaremos ansiosos.

Gostou? Veja o trailer da primeira temporada abaixo e comente se já conferiu todos os episódios.

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