Intenso, clichê e selvagem. Este longa protagonizado por Idris Elba é um thriller de ação e sobrevivência que vai deixar o expectador na ponta do assento do começo ao fim.

Já dizia o velho ditado, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Este ditado resume basicamente todo filme de sobrevivência em um ambiente hostil onde o predador é algum animal selvagem e a presa é algum humano desavisado que cruza o território do mesmo sem saber dos perigos que lhe aguardam. Nos últimos anos tivemos alguns muito bons como “Predadores Assassinos”, “Águas Rasas” e “Medo Profundo”, esses em sua maioria na água, porém faz tempo que não temos um longa deste tipo na selva.
Dito isso, o longa da produzido pela Will Packer Productions e distribuído pela Universal Pictures, “A Fera” (Beast, 2022) chega para suprir essa demanda de filmes de ação em savanas ao colocar uma família negra em visita ao interior da África do Sul para passar férias, mas os planos acabam saindo longe do esperado quando são atacados por uma fera sanguinária que está espalhando o terror na região.
Este filme me lembra muito o longa de 1996, “A Sombra e a Escuridão” protagonizado por Michael Douglas e Val Kilmer, que também se passava no continente africano e também era sobre leões assassinos que atacavam de forma feroz comunidades inteiras quando se sentiam ameaçados ou quando invadiam seus territórios. É claro que isto é uma lenda, não tem relatos reais sobre, apesar de existir sim ataques de felinos a caçadores nas savanas, mas isto porque invadem seus espaços.

O roteiro escrito por Ryan Eagle (Rampage) baseado na história de Jaime Primak Sullivan (Invasão) não traz grandes inovações dentro do gênero, mas consegue estabelecer bem sua premissa ao contar a história do doutor Nate Samuels (Idris Elba) e suas filhas Meredith (Iyana Halley) e Norah (Leah Jeffries), que para tentar se reconectar após uma tragédia familiar, voltam ao local onde a esposa de Nate nasceu, encontrando um velho amigo, o guia Martin Battles (Sharlton Copley).
O primeiro ato é bastante rápido em nos familiarizar com a família Samuel e como chegaram neste ponto da viagem. O longa então deixa a parte cadenciada para trás e abraça o suspense quando o grupo se depara com uma aldeia devastada por ataque de um animal desconhecido. O diretor Baltasar Kormákur (Evereste) é esperto o suficiente para criar uma tensão no ar, com sua câmera invasiva, acompanhamos bem perto os personagens trazendo pequenos sustos quando nos deparamos com a ameaçada que se revela.
Com 92 minutos de duração, a narrativa de “A Fera” não perde muito tempo, além de deixar claro quem é a ameaça, também evidencia as presas e os vilões da história. Aqui fica claro a intenção do roteiro em não fazer do leão um vilão, mas uma vítima das consequências da cobiça humana por caça, contrabando e troféus. Infelizmente não temos uma crítica mais aprofundada, mas fica claro a intensão de Kormákur em expor os horrores da caça ilegal e como isso pode resultar na natureza contra atacando a este tipo de vulnerabilidade.

O filme tem bastante ação e usa da violência para causar desconforto e aumentar a adrenalina da trama que cresce quando a família Samuel e Martin se veem encurralados no meio do nada sem comunicação contando apenas com a sorte e os instintos de sobrevivência humana que entram em cena para suprir o medo de uma ameaça implacável que não dá trégua em nenhum momento conseguindo assim deixar o filme com poucos respiros.
Olhando por esse ponto, “A Fera” é um filme dinâmico em sua essência, a narrativa trabalha a relação dos personagens, principalmente de Nate e suas filhas, ao mesmo tempo que eleva seu patamar para um thriller de sobrevivência que foca em boas reviravoltas na sua segunda metade, mesmo que em alguns momentos a trama descambe para alguns absurdos que acabam deixando claro que estamos diante de uma ficção.
Ainda assim, é louvável que tenhamos Idris Elba (Vingança & Castigo) no papel de protagonista aqui. O charmoso ator entrega uma atuação sólida e carrega a trama sem grandes problemas conseguindo nos fazer torcer para que seu personagem Nate e suas famílias tenham sucesso em escapar dessa fera selvagem que parece incansável colocando todos em apuros e situações extremas.

O resto do elenco é bom na medida do possível, apesar Iyana Halley (Abbott Elementary) fazer o papel da adolescente chata, não há dúvidas que ela funciona para mudança de comportamento do pai. Assim como a pequena Leah Jeffries (a nova Annabeth Chase na nova versão de Percy Jackson) que aqui funciona como a apaziguadora de conflitos entre a irmã mais velha e o pai. Por último temos Sharlto Copley (Distrito 9) que é basicamente uma enciclopédia ambulante para que a família possa ter uma chance de sobrevivência num lugar inóspito e hostil.
A verdade é que “A Fera” é um entretenimento com uma boa produção, belas paisagens, fotografia limpa, com efeitos razoáveis (fica nítido o uso do CGI em alguns momentos, mas não compromete) e com a vontade de ser um bom passatempo que vale o tempo investido. No geral o longa é bastante clichê, mas funciona ao conseguir manter o suspense e ação do começo ao fim, com uma vibe meio sessão da tarde, acende um alerta sobre caças ilegais e entrega um final redondinho para uma história que é puro instinto selvagem no coração da selva africana.
Gostou? Veja o trailer e comente abaixo se já conferiu esta produção.


Um comentário sobre ““A Fera (2022)” – Crítica”