“Rise” – Crítica

A força da união de uma família. Baseado em fatos, este drama de esporte merece sua atenção por fazer um básico da forma correta e entregar uma história poderosa que vai inspirar muita gente.

Fonte: Disney Plus

As histórias baseadas em fatos são aquelas que normalmente tocam mais, sem aquela proposta de serem dramas que visam apenas prêmios, como vários exemplares já fizeram em busca de um Oscar, estas narrativas buscam acima de tudo emocionar e normalmente estão ligadas alguma superação humana, tentando passar a mensagem de que tudo é possível, mesmo enfrentando as adversidades.

Os estúdios Disney costumam fazer produções neste nível e normalmente acertam o tom em cheio, exemplo recente foi o belo “A Rainha de Katwe”, produção protagonizada por uma atriz desconhecida do grande público, mas que teve a presença ilustre de Lupita Nyong’o (Sulwe) no elenco. Mesmo sem nenhum ator hollywoodiano, a nova produção “Rise” (2022) baseada em fatos que estreou dia 24 de junho deste ano no Disney Plus, consegue encantar do começo ao fim exatamente por saber contar construir uma boa trama.

A narrativa conta a história real do atleta da NBA, Giannis Antetokounmpo e como o mesmo conseguiu chegar a maior liga de basquete do mundo. Sua jornada é também a história de sua família, que começa com seu pai Charles (Dayo Okeniyei) e sua mãe Veronika (Yetide Badaki) saindo de Argos na Nigéria em 1991 deixando um filho para trás e conseguindo encontrar um lar em uma região da Grécia, lá o casal criou Thanasis (Ral Agada), Giannis (Uche Agada), Alex (Elijah Sholanke) e o pequeno Kostas (Jaden Osimuwa) almejando sempre ter uma vida melhor, mesmo que em constante ameaça de serem deportados por serem ilegais.

Fonte: Disney Plus

O filme dirigido pelo nigeriano Akin Omotoso (Man on Ground) é uma trama bastante fluída, que consegue transitar bem entre épocas até se assentar perto do final dos anos 2000. O desenvolvimento de “Rise” (que traduzindo de forma literal ficaria “Ascensão”) passa muito pelo roteiro sólido de Arash Amel (Uma Guerra Pessoal), que trata os personagens de uma forma bastante honesta, sem esquecer que mesmo passando por muitas dificuldades, a família se manteve unida e fiel aos seus princípios.

O mais interessante deste longa é que Omotoso não foge de temas espinhosos e mesmo que não aprofunde em muitos deles, o diretor consegue de forma eficaz trazer discussões sobre racismo e xenofobia enfrentado pela família Antetokounmpo em um país que vivia uma instabilidade econômica e social numa Grécia que relutava em aceitar imigrantes, principalmente negros vindos do continente africano.

Ainda que tenha temas delicados, este drama tem como foco principal o esporte, a trajetória de Giannis e seu irmão Thanasis é contada de uma forma notável, dinâmica e impossível de não se apegar à medida que vemos os jovens talentosos ganhando a chance de aprender e jogar basquetebol. O filme funciona de uma forma crescente onde vemos a progressão mesmo que óbvia de uma história que sabemos como começa e sabemos como termina, principalmente se conhecemos a história dos atletas na vida real.

Fonte: Disney Plus

Confesso que sabia pouco da trajetória de Giannis e seus irmãos, desta forma o filme deve funcionar ainda mais para quem não tem um conhecimento prévio, principalmente por conta da dificuldade dos pais dos garotos em conseguir oportunidades para seus filhos, encontrando no esporte uma saída para enfrentar as dificuldades da vida. Mesmo que o terceiro ato seja previsível, a jornada dos personagens para chegar lá, vale cada segundo devido a forma como a história se desenvolve.

Em termos de produção, “Rise” tem uma boa trilha sonora, uma boa ambientação e uma direção que consegue trazer fluidez principalmente na forma como mostra a evolução de Giannis e Thanasis em um time voluntário de basquete grego, as cenas durante as competições são tão bem filmadas e bacanas de assistir, tanto que mereciam ainda mais tempo de tela para mostrar como os atletas eram talentosos.

Um dos motivos do filme ser agradável de assistir, é por conta do elenco, todos vendendo um carisma de milhões, mesmo que as vezes falte realmente um peso dramático em alguns momentos, no geral os atores seguram bem a narrativa, destaque vai para Yetide Badaki (Deuses Americanos) no papel da matriarca da família Veronika, dois que merecem menções são os irmãos Uche e Ral Agada que são puro carisma, além de Dayo Okeniyi (Jogos Vorazes) no papel de Charles Antetokounmpo, patriarca da família.

No geral “Rise” é um drama esportivo emocionante, se as vezes lhe falte uma carga dramática mais acentuada, o filme funciona como uma excelente obra de entretenimento, além de bem dirigido e bem atuado, a história prende nossa atenção e mostra uma trajetória extraordinária onde a maior lição que fica é que o amor familiar pode superar todos os obstáculos e servir como base para o sucesso. Em um mundo tão turbulento, preconceituoso e as vezes até cruel como o que nós vivemos, ver atletas negros serem bem sucedidos através do esporte é simplesmente gratificante e o filme passa uma sensação tão boa que deve inspirar muito atleta mirim por ai quando os créditos começarem a subir, isto, realmente não tem preço.  

Gostou? Veja o trailer abaixo. Se já conferiu esse o filme, diga nos comentários o que achou.

Deixe um comentário