“A Mulher No Jardim” – Crítica

Trauma e Luto! Lidando com uma temática forte e delicada, este filme de terror liderado por Danielle Deadwyler mexe com as emoções, porém é pouco efetivo em entregar bons sustos como forma de entretenimento.

Fonte: Universal Pictures

Vivemos um bom momento no cinema para filmes de terror protagonizados por pessoas pretas, que podem mostrar versatilidade em personagens que não sejam atrelados a dramas de época, ou tramas criminais. O maior exemplo que temos atualmente é o fenômeno de bilheteria dirigido por Ryan Coogler (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre), “Pecadores”, que é de longe um dos melhores filmes do ano.

Pena que não podemos dizer o mesmo do longa da Blumhouse e da Univeral Pictures, “A Mulher No Jardim” (The Woman in the Yard, 2025), que estreou nos EUA no começo do ano e que está em exibição nos cinemas brasileiros. O filme conta a história de Ramona (Danielle Deadwyler), que vive numa fazenda com os filhos Taylor (Peyton Jackson) e Annie (Estella Kahiha), tem sua vida mudada após a misteriosa figura de uma mulher (Okwui Okpokwasili) aparecer em seu jardim e começar a aterroriza-los.

Este filme dirigido por Jaume Collet-Serra (Águas Rasas) é um drama com toques de terror, que mostra o luto desta família que perdeu a figura paterna em um trágico acidente e agora precisa lidar com seus próprios traumas e com a chegada desta mulher enigmática que começa a testar a sanidade de Ramona e seus filhos.

Fonte: Universal Pictures

O roteiro escrito pelo estreante Sam Stefanak consegue estabelecer um primeiro ato no mínimo intrigante, num local isolado, criando uma atmosfera que parece absorver toda a tristeza do lugar sinalizando chegada da parte sobrenatural que aos poucos vai sobrepondo a narrativa. Infelizmente, a trama não empolga tanto, levando muito tempo para realmente engatar.

O fato é que Serra ao contrário do seu hit “Bagagem de Risco” no final do ano passado que equilibrava bem ação e suspense, não consegue o mesmo com esse thriller que tenta misturar terror tradicional com terror psicológico, porém acaba entregando nenhum nem outro por completo, chegando a confundir o público com suas boas intenções disfarçadas de previsibilidade.

É assim que “A Mulher no Jardim” acaba usando a temática do luto como força motriz de sua história, se apoiando na atuação consistente de Danielle Deadwyler (Piano de Família) que se esforça para segurar um filme que não tem muito para oferecer, mas que em alguns momentos até apela para sustos fáceis que até funcionam, mas são pouco para tornar a atmosfera macabra que dava a entender em suas prévias.

Fonte: Universal Pictures

A verdade é que este longa de terror funciona melhor quando trata sobre traumas e se aprofunda nisto como forma de potencializar a misteriosa mulher no jardim, que acaba sendo intrigante nos primeiros trinta minutos, mas para expectadores mais atentos, a descoberta fica muito óbvia antes mesmo de tudo ser revelado no intenso terceiro ato.

Em termos de produção, a obra possui uma fotografia interessante, uma sonoplastia notável e bons efeitos que ajudam a fazer o terror acontecer. A ambientação é um dos pontos positivos, mas o grande problema do filme é o roteiro frágil e o ritmo irregular que acaba entregando mais do que deve, com um final que provavelmente irá dividir opiniões pela forma como é resolvido.

De uma forma geral, “A Mulher no Jardim” é um terror mediano, daqueles que só vai entreter quem não é muito exigente. Com esforço de Danielle Deadwyler liderando o elenco, temos um longa que explora o terror por trás solidão do luto e da perda de uma forma no mínimo confusa e pouco eficiente que carecia de mais cuidado e criatividade para entregar algo melhor. Ao focar nos demônios da protagonista numa clara metáfora sobre depressão, o longa até funciona, mas no final das contas não consegue escapar as armadilhas do gênero, soando no final das contas como um turbilhão de clichês.

Observação: Alerta de gatilho, o filme fala sobre um tema forte e possui gatilhos para aqueles que estão com saúde mental frágil e sofrem com depressão, é aconselhável não assistir.

Fonte: Universal Pictures

Veja o trailer abaixo e comente sobre o que achou do filme se já assistiu.

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