“A Rainha do Basquetebol” – Crítica

Esta obra vencedora do Oscar de melhor documentário curta é um achado histórico que mostra a trajetória meteórica da rainha do basquete Lucy, que quebrou barreira nos anos 70.

1 Indicação ao Oscar 2022
Vencedor do Oscar
Melhor Documentário Curta
Fonte: Breakwater Studios

A igualdade entre homens e mulheres ainda é um grande desafio nos tempos atuais, mas ainda assim não se compara a barreira que elas tiveram que enfrentar décadas atrás para serem ouvidas, terem independência e conseguirem seu espaço no âmbito profissional e social. Digo isso no intuito de falar de Lusia “Lucy” Harris-Stewart, conhecida como a rainha do basquetebol, a atleta foi pioneira ao quebrar barreira e se tornar o primeiro fenômeno do basquete feminino norte americano nos anos 70.

O documentário curta, “A Rainha do Basquetebol” (The Queen of Basketball, 2021) dirigido por Ben Proudfoot e produzido pelos astros do basquete Shaquille O’Neal e Stephen Curry, traz a história dessa incrível mulher negra que rompeu barreiras ao ingressar no time de basquete da “Delta State University” (Universidade do Estado de Delta) e ganhar três campeonatos femininos nacionais consecutivos, além de participar da primeira equipe dos EUA em Olimpíadas chegando na segunda posição levando uma medalha de prata inédita para o país, a atleta ainda foi a primeira e única mulher a ser selecionada para o “draft” de um time da NBA.

Fonte: Breakwater Studios

Mesmo sendo um fenômeno, Lucy sofreu com apagamento de sua história e não conseguiu se tornar o que ela poderia ter sido. O documentário consegue em 22 minutos mostrar a trajetória meteórica da atleta colocando a própria para narrar sua vida desde suas brincadeiras de infância, passando por sua trajetória universitária e as escolhas que precisou fazer para moldar seu próprio destino.

O bacana aqui é que o material é bastante rico cheio de arquivos e imagens da época que foram editados de uma forma bastante inteligente por Stephanie Owens e o próprio Ben Proudfoot, privilegiando não só a narração de Lucy e seu humor matreiro, mas também entrevistas e vídeos de suas conquistas criando uma narrativa emocionante cheia de detalhes.

É impossível não se emocionar com a trajetória de Lucy e o documentário consegue em um curto prazo mostrar o quão importante foi a história dessa atleta que perseverou e realizou o sonho de ser uma grande jogadora de basquete. Ainda que faltasse recurso, ainda que Lucy tivesse enfrentado os entraves do racismo e machismo da época, seu talento e presença eram incomparáveis.

Fonte: Breakwater Studios

Mesmo com sua trajetória meteórica, a atleta ainda não teve o mesmo destino de fenômenos do basquete masculino como Larry Bird e Magic Johnson que surgiram na mesma época e até hoje são lembrados como pioneiros da popularização do basquete. Para Lucy a vida foi mais difícil, mas o bacana é ver que a ex-jogadora narra sua trajetória com amor, carinho e orgulho, mesmo que não tenha virado mania nacional nos EUA.

Lucy foi uma mulher negra, determinada, carismática, que quebrou barreiras e se desafiou conseguindo assim abrir caminho para outras mulheres no basquete norte americano. Ainda que o documentário mostre que a história da ex-jogadora foi curta, ficou evidente que seu impacto transcendeu realidades, ao mostrar que sua persistência mudou a história do basquete feminino norte americano conseguindo inclusive chamar atenção de um time masculino da NBA em 1977 que queria contrata-la, New Orleans Jazz, atualmente conhecido como Utah Jazz.

No geral “A Rainha do Basquetebol” é um curta fenomenal, não só por trazer uma história pouco difundida, mas que merece ser conhecida pelo pioneirismo desta atleta que superou todas as barreiras e conseguiu ser um divisor de águas no basquete norte americano, tanto no feminino, quanto no masculino. Foi devido a fenômenos como Lucy que hoje temos um basquete feminino forte mundialmente, estruturado e com ligas próprias em vários países. Este documentário é uma ótima representação de que as mulheres conseguiram quebrar tabus e barreiras cavando seu espaço num mundo dominado por homens. Lucy foi uma atleta cheia de talento que mostrou que a força da mulher negra era imbatível, mas que muitas vezes não foi reconhecida da maneira devida, porém com certeza merece ser descoberta através dessa obra audiovisual pelas gerações atuais.

Gostou do que leu? Veja o documentário no link abaixo e logo depois comente o que achou.

Curiosidade: Infelizmente Lucy faleceu no começo desse ano. E ainda que não tenha conseguido ver a indicação e vitória deste documentário curta baseado em sua vida no Oscar do mês passado, a ex jogadora conseguiu assistir ao documentário ano passado. 

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