“Criando Dion” – 1° Temporada – Crítica

Apesar da premissa simples e da pegada mais leve, esta série surpreende pelas reviravoltas, seu carismáticos protagonista mirim e uma trama intrigante.

Fonte: Netflix

As séries de super-heróis não são uma novidade, na verdade o gênero anda mais em evidência do que nunca com a Disney entrando prá valer no mercado trazendo o MCU para seu streaming Disney Plus, algo que o “Arrowverse” na CW tirou de letra por anos levando personagens da DC para TV, mesmo que esteja desgastado atualmente, pode ser considerada um sucesso por durar anos e ter uma legião de fãs, sem falar nas séries fora do universo Marvel e DC, como “Invencível” e “The Boys”, com um tom mais adulto, mas que atrai um público fiel.

Dito isso, a Netflix também tem sua parcela de contribuição de séries de super-heróis, e não estou falando da era “Defensores” do streaming, mas sim da aventura infantil “Criando Dion”, uma série baseada em quadrinhos e um curta-metragem de mesmo nome criado por Dennis Liu em 2015, que foi adaptada em formato de série para Netflix por Carol Barbee (Dash & Lily) se tornando um pequeno sucesso em meados de 2019.

A série conta a história dessa mãe solteira viúva, Nicole Warren (Alisha Wainwright), que um dia descobre que seu filho Dion (Já’Siah Young) tem superpoderes e vê sua vida virar de cabeça para baixo enquanto tenta arranjar um trabalho decente e ainda cuidar do seu pequeno evitando que ele use seus poderes de forma irresponsável. A história pode parecer mais do mesmo, mas a primeira temporada dessa obra que possui nove episódios, consegue fugir dos clichês e entregar bons episódios ao longo de sua jornada surpreendendo até aqueles que não esperam muito.

Fonte: Netflix

Os dois primeiros episódios dão o tom da linguagem mais simples da série enquanto apresenta Dion e Nicole para o público. Em “Issue #101: How Do You Raise a Superhero?” (1×01) e “Issue #102: Fortress of Solitude” (1×02) descobrimos como Dion desperta seus poderes e como Nicole irá tentar resguardar o filho enquanto tenta entender e esconder dons especiais dos olhares curiosos. A série foca muito no mistério e isso consegue te deixar ainda mais intrigado sobre a origem dos poderes do garoto.

A narrativa da série se estabelece bem como aventura descompromissada, mas ganha pontos por saber dosar drama e ação em uma história que cresce a cada novo episódio, adicionando sempre um pouco mais de mitologia mostrando que Dion pode ou não ser o único a manifestar esses poderes. A série é longe de ser pretensiosa, os diálogos não são tão inspirados e caminhos clichês que o enredo toma, só não escambam para o marasmo, porque os roteiristas conseguem tirar boas reviravoltas de onde você não imagina como fica claro no episódio “Issue #103: Watch Man” (1×03).

A trama se divide entre Dion tentando controlar seus poderes e sua mãe tentando controlar seu ímpeto no presente, enquanto em flashbacks vamos descobrindo mais sobre o passado de seu falecido pai Mark (participação de Michael B. Jordan que também é produtor executivo da série) e da sua ligação com misteriosa empresa BIONA, que estuda fenômenos sobrenaturais em regiões geladas que podem ter ligação com o incidente que aconteceu com o pai de Dion e outros exploradores como fica claro nos episódios “Issue #104: Welcome to Biona. Hope You Survive the Experience” (1×04) e no revelador “Issue #105: Days of Mark’s Future Past” (1×05).

Fonte: Netflix

A trama cresce quando planta sementes em bons ganchos e atiça a curiosidade do público, desta forma começa a se configurar uma conspiração e um jogo perigoso em paralelo levando um possível caminho de colisão com a jornada de descoberta do pequeno Dion, que ainda tem que lidar com as mudanças na própria vida, além de adquirir poderes, precisa se adaptar a sua nova escola e aos novos amigos, é nesse ponto que a série se torna mais leve e divertida de assistir.

Isso só acontece porque o elenco mirim é muito bom, como citei o pequeno Já’Siah Young é uma revelação bem vinda, mas tem uma garotinha maravilhosa chamada Esperanza vivido pela atriz mirim Sammi Haney, que é puro carisma e a melhor definição de amizade saudável existente, capaz de conquistar o expectador em poucos segundos, sua amizade com Dion é um dos pontos altos da série.

A relação mãe e filho também é algo bastante interessante de assistir, muito porque Alicia Wainwright (Shadowhunters) e Já’Siah possuem uma boa química. O elenco ainda conta com Jason Ritter (Um Milhão de Coisas) no papel do melhor amigo de Mark e também Jazmin Simon (Ballers) como a irmã de Nicole, ambos dão um reforço importante para a história que vai ficando mais densa à medida que a temporada progride.

Fonte: Netflix

Em termos de produção, a série é modesta e sem grandes pretensões, a preocupação do roteiro em desenvolver seus personagens é prioritária, mas a série não deixa de mostrar bons efeitos visuais e boas cenas de ação, afinal estamos diante de uma série de super-herói, ou pelo menos na origem de uma, como fica claro na reta final da temporada nos episódios “Issue #106: Super Friends” (1×06) e “Issue #107: Why So Vomity?”, onde Dion precisa esconder quem é da corporação Biona que tenta a todo custo capturar series especiais como ele.

No geral, “Criando Dion” é um bom passatempo, bem produzida, cheia de mistérios, vilões inesperados, muitas confusões com esse garotinho negro carismático que rouba a cena tentando se adaptar aos seus dons especiais enquanto vive uma vida aparentemente normal. A série aborda relações familiares complicadas, preconceito racial na infância e maternidade em um drama que consegue ser emocionante em vários aspectos, misterioso em outros e empolgante no geral, deixando sensação positiva acentuada pelos dois episódios finais eletrizantes “Issue #108: You Won’t Like Him When He’s Angry” (1×08) e no final da temporada “Issue #109: Storm Killer” (1×09).

O seriado funciona por não tentar ser maior do que as próprias pernas e mesmo que as vezes se torne clichê em alguns momentos, no geral consegue deixar ganchos suficientes e uma mitologia bastante expansiva que aborda a história de um super-herói mirim negro de forma sensível, dinâmica e que surpreende por fazer do simples algo especial, você termina a temporada pedindo mais em uma história que tem tudo para render bastante no futuro.

Gostou? Veja o trailer da primeira temporada. Se já assistiu comente abaixo.

Observação: A série foi renovada para segunda temporada e após dois anos de hiatus, o seriado volta dia 1° de Fevereiro.

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