Ainda que seja datado em muitos aspectos, Space Jam ainda nos ganha pela nostalgia de ver o ícone do basquete Michael Jordan encontrando os lendários Looney Tunes.

Não é de hoje que filmes híbridos têm feito a alegria de adultos e crianças mundo a fora, essa mistura de personagens carne-e-osso com desenhos animados em 2D é interessante ainda que hoje em dia soe um pouco brega. O que começou com o engraçado “Uma Cilada Para Roger Rabbit” já no final dos anos 80, só se tornou popular e nostálgico realmente nos anos 90 com a estreia de “Space Jam – O Jogo do Século”(Space Jam, 1996) que recentemente deixou a Netflix, mas logo estará disponível no HBO Max que deve estrear no Brasil na segunda semana de junho.
O longa protagonizado por Michael Jordan, um dos maiores (senão o maior) astros de basquete da história da NBA dos EUA, estreou em 1996 cercados de expectativas e teve uma recepção razoavelmente boa tanto da parte do público, quanto da parte da crítica, pois além do mega astro, trazia também todos os Looney Tunes conhecidos incluindo Pernalonga e Patolino puxando a turma.
Revisitando o filme dirigido por Joe Pitka e assistindo na dublagem original, notei que o longa continua interessante e divertido, mas infelizmente fica nítido que em alguns aspectos a obra envelheceu mal e ficou um pouco datada, principalmente na questão do ritmo e no fato da narrativa ter um primeiro ato definido, mas não um miolo, indo direto a parte final sem muitas reviravoltas interessantes.

O roteiro escrito a quatro mãos mistura ficção e realidade ao contar a história de Michael Jordan partindo da infância dele quando interagia com pai até chegar no presente de 1993 quando já tinha conquistado o tricampeonato pelo Chicago Bulls ao mesmo tempo que resolveu abandonar o basquete por conta do falecimento do pai, inclusive isso é retratado no recente documentário “Arremesso Final” (indico muito). Isto aconteceu na vida real e o longa abraça essa realidade dando um peso emocional ao filme, uma pena que isso não é desenvolvido em nenhum momento durante a narrativa, partindo apenas do momento em que Jordan agora jogador de basebol, tenta se adaptar a este novo esporte.
Em “Space Jam – O Jogo do Século” a história parece não ter pressa para acontecer, somos apresentados a família de Jordan que é casado e três filhos, inclusive o filho pequeno se vê no dilema de não ser um bom jogador de basebol, infelizmente o filme não explora essa relação de pai e filho, que renderia bastante desenvolvimento de personagem. Ao invés disso o enredo dos alienígenas donos de um parque temático na Lua entra em cena introduzindo a parte desenho animado do filme.
O roteiro consegue ser inteligente em inserir a história real de Michael para dar peso a trama, mas infelizmente é preguiçoso na hora de trazer motivações para fazer o enredo dos Looney Tunes, que aqui se veem ameaçados por esses alienígenas que acabam propondo um desafio para que não sejam levados como escravos para trabalhar no parque temático mencionado.
Se tudo isso soa como um filme mediano, o que faz de “Space Jam” um filme tão marcante? Com toda certeza a nostalgia, querendo ou não a história reúne três coisas que muita gente gosta, basquete, Michael Jordan e desenhos fofinhos que marcaram toda uma geração de crianças e adultos. Ver Pernalonga, Patolino, Frajola, Piu Piu, Gaguinho, Lola, dentre outros personagens memoráveis interagindo com o maior astro de basquete da história é bom demais.

Em termos de atuação, Jordan é bastante travado neste quesito, mas vamos combinar que ele é jogador não ator, então a gente perdoa, afinal não lhe sobra carisma e jogo de cintura para interagir com desenhos que nem estavam no set de filmagem. O único que realmente atua e é engraçado é o Bill Murray, que assim como Michael, faz papel dele mesmo numa interpretação muito bem-humorada.
Talvez a melhor parte do filme seja a partida entre os Looney Tunes liderados por Michael Jordan contra os alienígenas parrudos que ficam gigantes ao roubar o talento de outros jogadores consagrados da NBA. Essa mistura de ficção com realidade gera muitas participações especiais no filme com jogadores da liga norte americana como o lendário Larry Bird, o ágil e eficiente Charles Barkley, além de Patrick Ewing, Larry Johnson, Shawn Bradley e Ahmad Rashad só para citar alguns, praticamente um deleite para qualquer fã de basquete profissional.
Do lado do desenho animado, é bacana ver Pernalonga e seus amigos interagindo com personagens carne-e-osso, por mais que o filme se torne muito cartunesco em alguns momentos, a graça está exatamente nisto, tanto que você não leva a trama a sério, o que torna a experiência um entretenimento bacana de assistir mesmo que tenha algumas ressalvas, o negócio aqui é apenas se deixar levar pela trama e se divertir com absurdos da partida final.
No geral, revistar “Space Jam – O Jogo do Século” pode ser algo gratificante dependendo do seu nível de nostalgia e do quanto você gosta de basquete, sem falar que depois de tantas reprises na TV, impossível este filme não te conquistar novamente, ainda que alguns momentos soe um pouco ultrapassado, não há dúvidas que suas qualidades técnicas são melhores do que os defeitos, a trilha é boa, a interação entre live action e animação 2D (com toques de 3D) é até bem feitinha, mas no final das contas ver um ícone negro do nível de Michael Jordan protagonizando uma narrativa junto com os desenhos animados mais populares do mundo é um presente que merece se revisitado por todos que cresceram vendo este longa se tornar parte da nossa memória afetiva.
Gostou? Veja o trailer e se já assistiu ao filme inúmeras vezes, diga nos comentários o que achou.

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